domingo, 23 de outubro de 2016

As Casas da Chã I - A Casa das Morgadas

                                      
                                          AS CASAS DA CHÃ I - A CASA DAS MORGADAS

Em todo o aglomerado urbano de Chã de Alvares ,são diversas as casas que se destacam, não só pela sua dimensão,mas igualmente pela distintas características que as distinguem das restantes casas humildes e denunciam a sua origem mais nobre. Vou tentar ,dentro do possível , nos próximos artigos falar de algumas delas.





Situada no Casal de Cima, era conhecida pelos mais velhos  como a Casa das Morgadas, por ali terem vivido até ao fim da sua vida as filhas solteiras de Josefa Maria Gonçalves, Senhora do  Morgado de São José de Borreis.
Na sua estrutura original era um enorme casarão que contornava para duas ruas, sendo que numa das partes dava para uma propriedade rústica e do lado oposto para um pátio, oculto do exterior por um alto muro e portão. Aquele pátio era tão grande que ,por via disso, deu á família proprietária, a denominação de Casa do Pátio, quando a ela alguém tinha de se referir.




Não há registos da sua construção, mas esta deverá ter sido na segunda década do século XIX, a mando dos seus proprietários,o abastado casal: Morgada Josefa Gonçalves e seu marido ,António Henriques de Matos, Monteiro-Mor de Alvares, talvez o ultimo desse Município. Tal  como sua esposa, António era descendente de abastada família que ao longo de  várias gerações  rivalizou em riqueza e poder com as abastadas famílias: Mota Tavares e Rebelo .







Ela, Josefa Gonçalves, nascida em 1806 e herdeira de seu tio Manuel Antão, de Borreis, Procurador do Concelho de Alvares, e Senhor do Morgado de São José de Borreis, e irmão de sua mãe Maria Josefa Antão Tavares. E ele, António Henriques de Matos,importante proprietário rural, filho de  Manuel Henriques de Vide e de Maria Luísa Henriques de Matos, nascido a 21 de Dezembro de 1797 e nomeado Monteiro Mor de Alvares por carta de 27 de Agosto de 1824.

A profissão de Monteiro Mor remontaria aos princípios da monarquia portuguesa, quando se tem notícia do cavaleiro Rui Monteiro, monteiro-mor de D. Afonso Henriques; os genealogistas o consideram o primeiro portador atestado do apelido. O monteiro-mor, do Reino ou local, era o funcionário real responsável por superintender ao domínio público: rios, florestas, e em especial às caçadas e coutadas. D. João I de Portugal levava o assunto tão a sério que chegou a escrever um tratado sobre o tema ,o Livro da Montaria, sobre o "jogo dos reis", ou seja, as coutadas reais. O ofício de monteiro estaria ligado à origem, em tempos modernos e com a evolução acadêmica, da profissão de engenheiro florestal.

Deste casamento nasceriam diversos filhos, todos eles tendo como berço esta abastada casa:



Ludovina Henriques de Matos-Nasceu em 1833 no Casal de Cima. Foi casada com António  Francisco Mendes, nasceu a 24 de Fevereiro1845, e morreu em 1885.O casal teve um filho de nome António que faleceu em 1863.Foram pais novamente um ano mais tarde de um filho ao qual puseram o nome de António Mendes. António  Francisco Mendes, que foi vereador da Camara Municipal da Pampilhosa da Serra, faleceu em 1915,no Soeirinho,na sua Quinta da Feteira.

       António Mendes-Nascido a 3.5.1864,foi batizado na Igreja Matriz da Pampilhosa por pelo Padre José Henriques de Matos em 4.5.1864.Faleceu a 19.7.1939.

       Maria Amália Henriques de Matos-Casada com Francisco Henriques da Cunha. Tiveram filhos:

            Ernestina Henriques da Cunha-Nascida a 20.5.1893-1963,afilhada do Padre José H. da Matos ,á data do seu batizado  pároco em Pessegueiro. E de Rosalina Henriques de Matos e Cunha, sua irmã. Viveu em Arganil e casou com  António Simões Peixoto. Não deixaram descendência.

          Rosalina  Henriques de Matos Cunha- Casou com Manuel Santos Ferreira, professor em Paradela da Cortiça, Góis e Alvares e presidente da Junta e Juiz de Paz de Alvares. Foi professora em Chã de Alvares na década de trinta .Foram pais de:

                       Anselmo Santos Ferreira (1903-1986).

                       Albertino dos Santos Ferreira

                       Aida dos Santos Ferreira

José Maria Henriques de MatosPadre em Chã de Alvares- Nasceu a 9 de Julho de 1840,na Casa do Páteo em Casal de Cima, onde viviam os seus pais. Foi ordenado em 1869,tendo sido Pároco em Alvares entre 1891 e 1904 e grande proprietário. Viveu grande parte da sua vida no Casal de Diogo Vaz, casa essa fruto da herança deixada pela sua prima Maria Encarnação com quem viveu maritalmente desde que esta se tornou viúva. Faleceu em 1924,foi igualmente Presidente de Junta de Freguesia em Alvares no período de 2/1/1918 a 7/9/1919,sucedido posteriormente por Álvaro Cortez Rebelo. Nasceu, tal como seus irmãos na Casa do Páteo, foi viver posteriormente com sua prima Maria Encarnação, quando esta ficou viúva de Manuel da Mota e moradores em Casal de Diogo Vaz. Aí viveu toda a sua vida até falecer. Sua prima Maria da Encarnação, deixou-lhe em herança a casa que ficou conhecida como a Casa do Padre.

O Padre José Maria faleceu no dia 15 de Dezembro de 1924,deixando uma das maiores fortunas da região.

Foto do Padre José Maria Henriques de Matos
Maria Rita Henriques de Matos-Nascida em Janeiro de 1823,em Casal de Cima, na Casa do Páteo, morreu em Janeiro de 1880.Casou com António Joaquim Alves da Silva, numa cerimónia realizada em 5 de Fevereiro de 1850 na Capela de São José em Fonte Limpa. A dita capela, terá sido cabeça de um vínculo do qual foi Administradora, por nomeação ou por herança, a Senhora Morgada D. Josefa Maria Gonçalves, mãe da Bisavó. António, seu marido, três anos mais velho, faleceu em 1879 e foi Presidente da Camara da Pampilhosa da Serra entre 1849-1851,Subdelegado do Procurador Régio e nomeado Escrivão da Fazenda em 1863.

Constância Henriques de Matos - nasceu a 6 de Novembro de 1837 Morreu solteira no casal de cima, a 23 de Setembro de 1930,na casa onde sempre viveu a Casa do Pátio em Casal de Cima, foi a ultima da irmandade a falecer.







Dona Constância


Fortunata Henriques de Matos (Gonçalves) - 1845-1885-Morre solteira Vitima de Tifo

Joana Henriques de Matos (Gonçalves) -1830-1885- Morre Solteira Vitima da Tifo


Maria Cândida Henriques de Matos (1835-1920) –Batizada a 21 de Dezembro de 1835,poucos dias depois do seu nascimento no Casal de Cima. Viveu toda a vida em Chã de Alvares, onde faleceu solteira. Morou nos últimos anos da sua vida com o irmão o Padre José Maria Henriques. Faleceu a 19 de Agosto de 1920

Manuel Henriques de Matos-Nasceu a 23 de Abril de 1829,em1903 faleceu no Casal de Cima, solteiro. Foi  chefe dos Progressistas no Município de Gois.

Umbelina Henriques de Matos-Nasceu em Dezembro de 1830 e faleceu solteira em 1852

Joaquina Henriques de Matos-1826-1885

Antonino Henriques de Matos-1822-1846

Justina Henriques de Matos-1827-1901,casa com Manuel Lopes Falcão, alfaiate, oriundo da aldeia de Amioso Cimeiro (1829-1882),deste casamento nasce:

     Maria Encarnação –Nascida em 1856 ,morre solteira em 1885,com vinte e sete anos vitima de uma vaga de Gripe na povoação.

      Manuel Henriques Lopes Falcão 1859-1912-Jovem inteligente e empreendedor, após  frequência na Universidade de Coimbra, instala-se no Porto, onde se estabelece como comerciante, criando  vasta riqueza. Morreu solteiro em 1912,naquela cidade.

     Amália Assunção Henriques de Matos Falcão-23.12.1861- 7.5.1945 e casa com Manuel Lopes Ladeira. Tiveram um filho:

               Fernando Falcão Ladeira-Casado com Maria Alice Henriques da Silva. Ficou conhecido como grande benemérito na povoação. As gentes da terra recordam ainda hoje o Dr. Falcão como ficou conhecido





Com a morte dos seus últimos moradores, no inicio da década de trinta e tendo os restantes partido para outras paragens , a abastada casa acabou por ficar encerrada largos anos e posteriormente ser vendida em três lotes  a João Vitor,Manuel Braçal e Manuel Pedro.

Sem comentários:

Enviar um comentário