sábado, 29 de outubro de 2016

Os Padres oriundos de Chã de Alvares





Chã de Alvares, era apesar de isolada do mundo, um retrato fiel do país que tínhamos, durante os séculos XVI e XIX.

O peso económico e social da nobreza e clero era gigantesco, principalmente deste último. O numero de conventos em todo o país passa de 390 em 1584,para uns 398 em 1627e 477 no ano de 1730.Por essa altura um em cada 36 habitantes pertencia ao clero, e no que diz respeito a receitas nacionais,1/3 era do Clero,1/3da Nobreza e 1/3do Estado. Para o povo como sempre ficavam pouco mais que migalhas.

Esta importância do clero enquadrava-se na importância cada vez maior das Ordens Religiosas, da influência da Inquisição e da exacerbação das ideias religiosas.

Não é por isso estranho que durante anos se tenham Ordenado Padres inúmeros filhos da terra. E tendo em conta o que custava uma ordenação podemos avaliar a capacidade económica de algumas famílias residentes em Chã de Alvares. Sendo assim e  invariavelmente todos os sacerdotes descendiam das famílias abastadas, e nunca do povo.
Estes são alguns dos padres oriundos da povoação:



António Tavares-Vigário em Oleiros, nasceu na Quinta das Tulhas, neto dos seus fundadores

Paulo Tavares-Irmão de António Tavares, foi Vigário na Sertã, onde faleceu em 1732.Deixou bastardia.

António Rebelo- Batizado em 1696,fez inquerições de gênere em 1714 e escritura de património em 1718.Era filho de Natália Henriques e António Rebelo Tavares. Seu pai foi Escudeiro, tendo ido á India, onde foi acrescentado a Cavaleiro Real.



Manuel Barata Lima-Oriundo de Santa Margarida, terra natal de sua mãe Joana Maria Barata, onde habitou toda a sua vida. Foi seu pai João Anselmo da Fonseca Barata do Soutelinho, irmão do Morgado da Quinta de Nossa Senhora da Memória dos Padrões Manuel José da Fonseca Barata. Faleceu a 30 de Julho de 1836,em sua casa no lugar de Santa Margarida. Foi padre Coadjutor na paróquia de Alvares durante largos anos.
Foi um dos lesados pelas invasões francesas ,aparecendo o seu nome  na lista de «vitimas» de saque das tropas em fuga.

Joaquim da Mota Arnault da Fonseca-nascido entre 1772-1775,nas Tulhas filho de António Rebelo da Mota e Joaquina Fonseca Arnault


José António Henriques de Matos-Nascido em 1785 nas Tulhas, ordenado em 1825 e Coadjutor da Freguesia de Alvares em 1839 e Capelão do Regimento de Milícias de Arganil. Faleceu em 1877 em Chã de Alvares. Bem característico da época em que viveu, o Padre José António foi um pároco com fortes convicções e atividade politica. Desconhece-se se seria um Liberal ou um Absolutista, o que ficou na memória sendo contado pela família ,é que as suas convicções e opções politicas resultaram numa tentativa de assassinato.
Um dia quando o Padre José António se preparava para iniciar uma refeição a sua criada ainda jovem, entra na sala e bruscamente tira-lhe o prato da frente impedindo que ele coma o conteúdo do mesmo, inutilizando-o. Perante a atitude desesperada da criada o Padre instiga a rapariga a contar o motivo da sua atitude. A jovem conta-lhe então que fora coagida a envenenar a comida do Pároco e assim provocar a sua morte. Em pânico ,apavorada com a consequência dos seus atos a jovem recusou.se a divulgar o nome dos mandantes .
Aproveitando a sua condição de Padre ,José António ,sugeres-lhe que confesse o seu pecado, e conte assim que lhe forneceu o veneno mortífero.
Protegida pelo segredo de confissão a jovem acabar por relatar a verdade dos factos. Sendo perdoada pelo pecado a jovem perdeu o seu posto de criada de servir do vigário ,mas foi durante toda a vida protegida do mesmo, que a levou a servir para o Casal de Cima na Casa do Pátio, onde vivia o seu irmão António Henriques de Matos e a esposa Josefa Gonçalves.
Dias depois do acontecimento o Padre José António divulgou um Edital destinado a dar conhecimento publico da tentativa de assassinato que foi alvo.
A criada morreu já idosa na Casa da Morgada, tendo sido ama de muitos que ali nasceram.

Manuel da Costa Vasconcelos e Cunha- Filho de Vítor Rebelo da Mota e Maria de Jesus Rita de Vasconcelos e Cunha, proprietários da Quinta das Tulhas.

Nasceu  a 26 de Dezembro de  1821e foi batizado com o nome do padrinho, seu tio paterno o Padre Manuel da Costa de Vasconcelos, Arcipreste que lhe custeou os estudos e com quem viveu desde muito novo.

Faleceu em Arganil, no ano de 1908 com 86 anos, era então Reitor de Arganil desde 1892.Fora durante o período entre 1858-1892,Prior de Nogueira do Cravo e de Pombeiro. Pediu que o seu corpo fosse após a sua morte colocado no chão da igreja tendo apenas um pano preto sobre o pavimento. Pediu para distribuir 300 litros de Milho e a quantia de 10.000§oo pelos pobres. Foram seus herdeiros universais ,os sobrinhos: Jaime Rebello da Costa Arnault, de Alvares, Francisco Rebelo Arnault de Chã de Alvares e Manuel Baeta Rebelo do Amioso.
O seu tio dá nome a um largo em Arganil. Lg. Padre Manuel da Costa Vasconcelos Delgado


José Maria Henriques de Matos-Descendente de uma das mais abastadas famílias da região, foi possuidor de abastada fortuna. Foi pároco de Pessegueiro e  posteriormente Coadjutor na Freguesia de Alvares de 1891 a 1904.Teve toda a sua vida ligado á politica. Construiu a Capela do Rebolo no Casal de Baixo. Era dono de varias propriedades, tal como a Quinta do Porto da Telhada e da Azenha. Vivia no Casal de Diogo Vaz, Junto a Santa Margarida, na mais abastada casa de Chã de Alvares. Deixou bastardia...


António Lopes Fróis-Natural de Santa Margarida, onde nasceu em finais do século XIX, pertencia a uma família abastada da localidade, sendo filho de João Lopes Fróis e sua esposa Ana Cândida. Na adolescência foi enviado para Coimbra onde estudou e se formou sacerdote. Na década de vinte foi paroquiar a freguesia de  Vilarinho, na Lousã, onde veio faleceu. Da sua irmandade foi o ultimo a falecer ,sendo que não há descendentes da família Frois em Chã de Alvares, tendo todos falecido sem descendência.

Amílcar Aleixo-Nasceu em Chã de Alvares em 21 de Janeiro de 1931,tendo falecido em Coimbra no dia 15 de Março de 2011.Foi ordenado sacerdote em 15 de Agosto de 1957 na Sé Nova De Coimbra, e celebrado a Missa Nova no dia 25 de Agosto de 1957 junto da Capela Velha de Santa Margarida. Exerceu vários cargos importantes na Cúria da Diocese de Coimbra.

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