O peso económico e
social da nobreza e clero era gigantesco, principalmente deste último. O numero
de conventos em todo o país passa de 390 em 1584,para uns 398 em 1627e 477 no
ano de 1730.Por essa altura um em cada 36 habitantes pertencia ao clero, e no
que diz respeito a receitas nacionais,1/3 era do Clero,1/3da Nobreza e 1/3do
Estado. Para o povo como sempre ficavam pouco mais que migalhas.
Esta importância
do clero enquadrava-se na importância cada vez maior das Ordens Religiosas, da
influência da Inquisição e da exacerbação das ideias religiosas.
Não é por isso
estranho que durante anos se tenham Ordenado Padres inúmeros filhos da terra. E
tendo em conta o que custava uma ordenação podemos avaliar a capacidade
económica de algumas famílias residentes em Chã de Alvares. Sendo assim e invariavelmente todos os sacerdotes
descendiam das famílias abastadas, e nunca do povo.
Estes são alguns
dos padres oriundos da povoação:
António Tavares-Vigário em
Oleiros, nasceu na Quinta das Tulhas, neto dos seus fundadores
Paulo Tavares-Irmão de António
Tavares, foi Vigário na Sertã, onde faleceu em 1732.Deixou bastardia.
António Rebelo- Batizado em
1696,fez inquerições de gênere em 1714 e escritura de património em 1718.Era
filho de Natália Henriques e António Rebelo Tavares. Seu pai foi Escudeiro,
tendo ido á India, onde foi acrescentado a Cavaleiro Real.
Manuel Barata Lima-Oriundo de
Santa Margarida, terra natal de sua mãe Joana Maria Barata, onde habitou toda a
sua vida. Foi seu pai João Anselmo da Fonseca Barata do Soutelinho, irmão do
Morgado da Quinta de Nossa Senhora da Memória dos Padrões Manuel José da
Fonseca Barata. Faleceu a 30 de Julho de 1836,em sua casa no lugar de Santa
Margarida. Foi padre Coadjutor na paróquia de Alvares durante largos anos.
Foi um dos lesados
pelas invasões francesas ,aparecendo o seu nome
na lista de «vitimas» de saque das tropas em fuga.Um dia quando o Padre José António se preparava para iniciar uma refeição a sua criada ainda jovem, entra na sala e bruscamente tira-lhe o prato da frente impedindo que ele coma o conteúdo do mesmo, inutilizando-o. Perante a atitude desesperada da criada o Padre instiga a rapariga a contar o motivo da sua atitude. A jovem conta-lhe então que fora coagida a envenenar a comida do Pároco e assim provocar a sua morte. Em pânico ,apavorada com a consequência dos seus atos a jovem recusou.se a divulgar o nome dos mandantes .
Aproveitando a sua condição de Padre ,José António ,sugeres-lhe que confesse o seu pecado, e conte assim que lhe forneceu o veneno mortífero.
Protegida pelo segredo de confissão a jovem acabar por relatar a verdade dos factos. Sendo perdoada pelo pecado a jovem perdeu o seu posto de criada de servir do vigário ,mas foi durante toda a vida protegida do mesmo, que a levou a servir para o Casal de Cima na Casa do Pátio, onde vivia o seu irmão António Henriques de Matos e a esposa Josefa Gonçalves.
Dias depois do acontecimento o Padre José António divulgou um Edital destinado a dar conhecimento publico da tentativa de assassinato que foi alvo.
A criada morreu já idosa na Casa da Morgada, tendo sido ama de muitos que ali nasceram.
Nasceu a 26 de Dezembro de 1821e foi batizado com o nome do padrinho,
seu tio paterno o Padre Manuel da Costa de Vasconcelos, Arcipreste que lhe
custeou os estudos e com quem viveu desde muito novo.
Faleceu em
Arganil, no ano de 1908 com 86 anos, era então Reitor de Arganil desde
1892.Fora durante o período entre 1858-1892,Prior de Nogueira do Cravo e de
Pombeiro. Pediu que o seu corpo fosse após a sua morte colocado no chão da
igreja tendo apenas um pano preto sobre o pavimento. Pediu para distribuir 300
litros de Milho e a quantia de 10.000§oo pelos pobres. Foram seus herdeiros
universais ,os sobrinhos: Jaime Rebello da Costa Arnault, de Alvares, Francisco
Rebelo Arnault de Chã de Alvares e Manuel Baeta Rebelo do Amioso.
O seu tio dá nome
a um largo em Arganil. Lg. Padre Manuel da Costa Vasconcelos Delgado
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