segunda-feira, 11 de maio de 2020

Quinta das Tulhas -A última geração






 A Quinta das Tulhas é ainda uma referência não só pela sua antiguidade e riqueza, mas também por durante séculos ter servido de berço a várias gerações de uma família que ficou para sempre ligada á comunidade Alvarense em geral e à da Chã de Alvares em particular.
Há muito que não serve de residência fixa á Família Rebelo Arnault .Quais foram as ultimas gerações a habitá-la?
Vamos recuar à década de 20 do século XIX.
 A Quinta ainda não existia tal como hoje a conhecemos ,com o imponente imóvel.Este só viria a ser construído em 1871.Limitava-se por esses anos,aos casarões que dão hoje para a Estrada e ao Eirado junto ao Vale das Cerejeirinhas.
Ali viveu António Rebelo da Mota Arnault,batizado a 27 de Agosto de 1823 ,na Igreja Matriz de Alvares pelo Padre João Carneiro, tendo como padrinhos  António Rebelo da Mota, seu avô paterno e Vicenza Rebelo da Mota,sua tia. 
O Jovem António casou na Igreja Matriz de Alvares a 13 de Fevereiro de 1844 com Justina Ricardina (n:1813/f:1905), sua prima, filha de Francisco Baeta de Almeida e D. Rita Ricardina da Mota Arnault.
O casal viveu na Quinta das Tulhas,e ali viveu de forma abastada com todo o conforto possível á época. 








O casal teve apenas um filho, Francisco Rebelo da Mota Arnault,nasceu nove meses depois do matrimónio de seus pais,no dia 25 de Novembro de 1844 na Quinta das Tulhas, tendo sido batizado a 9 de Dezembro de 1844,foram os Padrinhos: Vicenza Rebelo da Mota, das Tulhas e Francisco Barreto Arnault da Fonseca e Costa da Vila de Alvares. Neto paterno de Vítor Rebelo e Maria de Jesus Rita de Vasconcelos e Cunha, das Tulhas e materno de Francisco Baeta e Rita Ricardina de Roda Cimeira. Filho de António Rebelo da Mota Arnault e Justina Ricardina. Era portanto descendente direto dos mais abastados casais do Concelho de Alvares.
Depois de cumprir serviço Militar e os estudos na Universidade de Coimbra, casou aos 28 anos com sua prima Umbelina de Jesus Ricardina, de Roda Cimeira, a 23 de Janeiro de 1872, depois de dispensados dos laços de consanguinidade e da autorização visto a noiva ter apenas 16 anos.Umbelina era filha de Firmino José Baeta e Maria Henriques.
Nas suas mãos a propriedade aumentou consideravelmente, o primeiro passo foi construir a casa que hoje conhecemos anexa á casa dos seus pais.
A construção de uma obra de tal dimensão,tão fora dos padrões locais de construção, quer pela sua dimensão quer a nível de qualidade, durou bastante tempo, tendo sido necessário trazer os melhores profissionais entre pedreiros, carpinteiros, serradores etc...
Naquele Casarão, construído entre 1871/72 ,nasceram todos os seus filhos, António Rebelo Arnault, José Augusto Rebelo Arnault, Francisco Rebelo Arnault Júnior, Maria Jesus, Maria Justina Rebelo e D. Lucinda Rebelo. Estas ultimas, importantes beneméritas para a obras de construção da nova Capela de Santa Margarida.




O Senhor Arnault faleceu no dia 24 de Junho de 1934 a poucos meses de completar os noventa anos. Apesar da diferença de idades, um ano depois faleceu a sua esposa D. Umbelina, talvez resultado do sofrimento pela perda do seu cônjuge,ao longo de 62 anos de matrimonio.
Os mais antigos ainda recordam algumas histórias deste casal. A centenária Ti Virgínia do Casal de Baixo, que durante muitos anos serviu na Casa das Tulhas , recordava ainda o espanto de menina quando descobriu que a Dona Umbelina e o marido não partilhavam o mesmo leito.
O casal teve sete filhos ,entre os quais um que não vingou, falecendo nos primeiros anos de vida.
Seus filhos:
Maria de Jesus Ricardina Rebelo- Nascida a 19 de Abril de 1877 na Quinta das Tulhas, foi batizada a 10 de Maio pelo Pároco Coadjutor José Maria Henriques de Matos. Foram seus Padrinhos António Rebelo da Mota e sua esposa Justina Ricardina.
Casou no dia 30 de Maio de 1900 com Jacinto Alves Calado, filho de José Alves Calado e sua esposa Josefa Henriques Baeta da Castanheira de Pera. Ficou viúva a 9 de Fevereiro de 1917, dia em que faleceu no Hospital Universitário de Coimbra o seu esposo, tinha ele então 47 anos. Pouco tempo depois de seu marido falecer, o filho de ambos Carlos Rebelo Calado  morre atropelado a 28 de Janeiro de 1918,tinha apenas 14 anos. O casal vivia na Estrada da beira,e Jacinto tinha desempenhado o cargo de Chefe de Estação dos Correios de Castanheira de Pera, empregado superior dos Correios em Coimbra.
Anos depois a 18 de Abril de 1923, então já com 46 anos, por influência da família casou em Coimbra com  Antonino Lopes Cortez Froes de 38 anos, nascido em Santa Margarida e que viria a falecer na sua casa de verão em Monte Real a 16-5-1951. Foi uma das grandes beneméritas para a construção da Capela de Santa Margarida, que curiosamente foi inaugurada no ano de sua morte. Faleceu a 24 de Março de 1961 em Coimbra, na sua casa na Rua dos Combatentes nº129. Deixou em testamento dois terrenos na povoação cuja venda reverteu para a construção do templo, e rendeu 22 mil escudos.

Justina de Jesus Rebelo Arnault- Nasceu na Quinta das Tulhas ,no dia 16 de Abril de 1882.Foi batizada a 2 de Maio na Igreja Matriz de Alvares pelo Pároco Encomendado Francisco José das Neves Fonseca .Foram seus Padrinhos Joaquim Rebelo da Costa Arnault e sua esposa D. Umbelina Cortez . Casou com João Lopes Fróis , a 9 de Novembro de 1920. Viveram pouco mais de um ano. João viria a falecer a 29 de Dezembro de 1921 vítima da Varíola, sem deixar descendência. Era filho de José Maria Lopes Cortez e Maria Rita Froes era seu irmão o padre António Maria Lopes Froes. Após o falecimento do marido Maria Justina abandonou a casa de residência do casal e voltou para a casa de seus pais nas Tulhas. Fixou-se anos depois na cidade de Coimbra onde acabou por falecer a 6 de Março de 1961 sem assistir á inauguração da Capela de Santa Margarida,obra para a qual tanto contribuiu.

José Augusto Rebelo da Costa Arnault- Nascido a 10 de Setembro de 1885 na Quinta das Tulhas. Foram seus Padrinhos o Padre Manuel Da Costa Vasconcelos e Cunha, tio materno e D. Umbelina Júlia.
Casou a 7 de Junho de 1909,na Igreja Matriz de Alvares com Maria da Encarnação Mota Tavares.Em 1917 forma uma sociedade,a Padilha & Rebelo Lda,na qual ele e Bernardino Padilha possuiam metade das quotas ,estando aí também representados os comerciantes Lousanenses,António Joaquim da Silva e Luís Correia,António Ferreira Barata,da Regateira de Góis e Manuel Oliveira Junior da Figueira da Foz.Dedicando-se inicialmente ao comércio de vinhos ,lancaram-se posteriormente na Indústria,após comprarem a moagem e serração da familia Anastácio da Vila da Lousã.E foi a partir dessa pequena unidade fabríl funcionando com a força motriz de uma pequena central que em 14 de Fevereiro de 1924 se iniciou o fornecimento de energia elétrica à Lousã.Posteriormente construiram a Central das Ermidas,transformando depois a sociedade na grande empresa que foi a Companhia Eletrica das Beiras,da qual foi Diretor Comercial.


No entanto e antes de toda esta obra, foi pioneiro do ramo industrial em Chã de Alvares ao abrir ainda na década de 10 uma panificadora na nossa povoação, que manteve até se fixar na Lousã e vendendo-a ao seu cunhado João Lopes Froes, que a manteve a laborar até á data do seu falecimento.
José Augusto Arnault, faleceu na Lousã a 13 de Abril de 1959, tendo por direito e mérito próprio nome de rua.
Foi casado com Maria da Encarnação da Mota, com a qual teve :
Maria Helena Rebelo da Mota Arnault- Casada com Jaime da Mota Tavares-Seu Primo
Carlos Rebelo da Mota Arnault- Nascido na Lousã em 1913 e falecido em Coimbra em 1984.Casou com a sua prima, Maria dos Prazeres Cortez da Mota da Quinta de São Paulo de Góis.

Lucinda do Nascimento Rebelo -Nascida a 9 de Janeiro de 1899 na Quinta das Tulhas ,foi batizada na Igreja Paroquial de Alvares pelo Padre Coadjutor César Simões no dia 13 de Fevereiro do mesmo ano. Foram seus padrinhos Maria de Jesus Ricardina Rebelo e António Rebelo Mota Arnault ,seus irmãos. Casou na Cidade de Coimbra com o seu primo Álvaro Cortez Rebelo a 18 de Março de 1926, do qual ficou viúva a 27 de Julho de 1982 , com o qual viveu na Rua dos Combatentes nº 25. O casal teve uma filha D. Maria Beatriz Rebelo, nascida em 1929 e que casou com Afonso Dias Padrão, residentes em Santo Tirso. Faleceu a 23 de Janeiro de 1993 na cidade de Coimbra.

António Rebelo Mota Arnault- Nasceu a seis de Outubro de 1873, Foi batizado a 22 de Outubro na Igreja de Alvares. Foram os seus Padrinhos António Rebelo da Mota e sua Mulher Justina Ricardina. Faleceu a 10 de Janeiro de 1876.

António Rebelo Mota Arnault- Batizado a 28 de Novembro de 1879.Nasceu a 28 de Novembro de 1879,tendo sido batizado a 6 de Janeiro de 1880.Foram seus padrinhos Joaquim Rebelo da Costa Arnault e Dona Justina Ricardina.


Francisco Rebelo da Mota Arnault - Nasceu a Onze de Janeiro de 1888, na Quinta das Tulhas tendo sido batizado a 21 do mesmo mês e ano, na Igreja Paroquial de Alvares pelo Pároco Joaquim José da Veiga foram seus padrinhos António Rebelo da Mota Arnault e D. Justina Ricardina, seus avós paternos. Casou a 10 de Maio de 1929 ,na Capela de São João Baptista do Lugar de Cortes com D. Laura da Conceição Cortez de Vasconcelos, ali nascida a 2 de Outubro de 1895 em casa dos seus pais, Antonino César Barreto Simões Cortez e Maria Lusitana Augusta de Vasconcelos,(filha dos donos da Quinta da Carrasqueira Justina Henriques de Matos e Daniel Baeta de Vasconcelos).
Francisco Rebelo Arnault faleceu na Freguesia de Sé Nova, em Coimbra no dia 5 de Novembro de 1982.Laura Cortez, faleceu em Julho de 1970 em sua casa de Coimbra onde se fixou depois de largos anos a viver na sua Quinta das Tulhas. Deu largos donativos para a Capela de Santa Margarida, nomeadamente para a aquisição do altar em granito.
Tiveram 3 filhos
Maria Cesaltina Cortes Arnault
Maria Lurdes Cortez Arnault
António Carlos Cortez Rebelo Arnault.- Casado com Maria Luísa Guimarães Coelho,
São junto com a D. Beatriz Rebelo os atuais donos da Quinta das Tulhas.




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