A Quinta das Tulhas é ainda uma referência não só pela sua antiguidade e riqueza, mas também por durante séculos ter servido de berço a várias gerações de uma família que ficou para sempre ligada á comunidade Alvarense em geral e à da Chã de Alvares em particular.
Há muito que não serve de residência fixa á Família Rebelo Arnault .Quais foram as ultimas gerações a habitá-la?
Vamos recuar à década de 20 do século XIX.
A Quinta ainda não existia tal como hoje a conhecemos ,com o imponente imóvel.Este só viria a ser construído em 1871.Limitava-se por esses anos,aos casarões que dão hoje para a Estrada e ao Eirado junto ao Vale das Cerejeirinhas.
Ali viveu António Rebelo da Mota Arnault,batizado a 27 de Agosto de 1823 ,na Igreja Matriz de Alvares pelo Padre João Carneiro, tendo como padrinhos António Rebelo da Mota, seu avô paterno e Vicenza Rebelo da Mota,sua tia.
O Jovem António casou na Igreja Matriz de Alvares a 13 de Fevereiro de 1844 com Justina Ricardina (n:1813/f:1905), sua prima, filha de Francisco Baeta de Almeida e D. Rita Ricardina da Mota Arnault.
O casal viveu na Quinta das Tulhas,e ali viveu de forma abastada com todo o conforto possível á época.
Depois
de cumprir serviço Militar e os estudos na Universidade de Coimbra,
casou aos 28 anos com sua prima Umbelina de Jesus Ricardina, de Roda
Cimeira, a 23 de Janeiro de 1872, depois de dispensados dos laços de
consanguinidade e da autorização visto a noiva ter
apenas 16 anos.Umbelina era filha de Firmino José Baeta e Maria
Henriques.
Nas suas mãos a propriedade aumentou
consideravelmente, o primeiro passo foi construir a casa que hoje
conhecemos anexa á casa dos seus pais.
A
construção de uma obra de tal dimensão,tão fora dos padrões
locais de construção, quer pela sua dimensão quer a nível de
qualidade, durou bastante tempo, tendo sido necessário trazer os
melhores profissionais entre pedreiros, carpinteiros, serradores etc...
Naquele
Casarão, construído entre 1871/72 ,nasceram todos os seus filhos,
António Rebelo Arnault, José Augusto Rebelo Arnault, Francisco
Rebelo Arnault Júnior, Maria Jesus, Maria Justina Rebelo e D. Lucinda
Rebelo. Estas ultimas, importantes beneméritas para a obras de
construção da nova Capela de Santa Margarida.
O
Senhor Arnault faleceu no dia 24 de Junho de 1934 a poucos meses de
completar os noventa anos. Apesar da diferença de idades, um
ano depois faleceu a sua esposa D. Umbelina, talvez resultado do
sofrimento pela perda do seu cônjuge,ao longo de 62 anos de
matrimonio.
Os
mais antigos ainda recordam algumas histórias deste casal. A
centenária Ti Virgínia do Casal de Baixo, que durante muitos anos
serviu na Casa das Tulhas , recordava ainda o espanto de menina
quando descobriu que a Dona Umbelina e o marido não partilhavam o
mesmo leito.
O casal teve sete filhos ,entre os quais um que não vingou, falecendo nos primeiros anos de vida.
Seus
filhos:
Maria
de Jesus Ricardina Rebelo- Nascida a 19 de Abril de 1877
na Quinta das Tulhas, foi batizada a 10 de Maio pelo Pároco
Coadjutor José Maria Henriques de Matos. Foram seus Padrinhos
António Rebelo da Mota e sua esposa Justina Ricardina.
Casou
no dia 30 de Maio de 1900 com Jacinto Alves Calado, filho de José
Alves Calado e sua esposa Josefa Henriques Baeta da Castanheira de
Pera. Ficou viúva a 9 de Fevereiro de 1917, dia em que faleceu no
Hospital Universitário de Coimbra o seu esposo, tinha ele então 47
anos. Pouco tempo depois de seu marido falecer, o filho de ambos Carlos
Rebelo Calado morre atropelado a 28 de Janeiro de 1918,tinha apenas 14 anos. O casal vivia na Estrada da beira,e Jacinto tinha desempenhado
o cargo de Chefe de Estação dos Correios de Castanheira de Pera, empregado superior dos Correios em Coimbra.
Anos
depois a 18 de Abril de 1923, então já com 46 anos, por influência
da família casou em Coimbra com Antonino Lopes Cortez Froes de 38
anos, nascido em Santa Margarida e que viria a falecer na sua casa de
verão em Monte Real a 16-5-1951. Foi uma das grandes beneméritas para a construção da Capela de Santa Margarida, que curiosamente foi inaugurada no ano de
sua morte. Faleceu a 24 de Março de 1961 em Coimbra, na sua casa na
Rua dos Combatentes nº129. Deixou em testamento dois terrenos na
povoação cuja venda reverteu para a construção do templo, e
rendeu 22 mil escudos.
Justina
de Jesus Rebelo Arnault- Nasceu na Quinta das Tulhas ,no
dia 16 de Abril de 1882.Foi batizada a 2 de Maio na Igreja Matriz de
Alvares pelo Pároco Encomendado Francisco José das Neves Fonseca
.Foram seus Padrinhos Joaquim Rebelo da Costa Arnault e sua esposa D. Umbelina Cortez . Casou com João Lopes Fróis , a 9 de Novembro de
1920. Viveram pouco mais de um ano. João viria a falecer a 29 de
Dezembro de 1921 vítima da Varíola, sem deixar descendência. Era
filho de José Maria Lopes Cortez e Maria Rita Froes era seu irmão
o padre António Maria Lopes Froes. Após o falecimento do marido
Maria Justina abandonou a casa de residência do casal e voltou para
a casa de seus pais nas Tulhas. Fixou-se anos depois na cidade de
Coimbra onde acabou por falecer a 6 de Março de 1961 sem assistir
á inauguração da Capela de Santa Margarida,obra para a qual tanto
contribuiu.
José
Augusto Rebelo da Costa Arnault-
Nascido a 10 de Setembro de 1885 na Quinta das
Tulhas. Foram seus Padrinhos o Padre Manuel Da Costa Vasconcelos e
Cunha, tio materno e D. Umbelina Júlia.
Casou
a 7 de Junho de 1909,na Igreja Matriz de Alvares com Maria da
Encarnação Mota Tavares.Em 1917 forma uma sociedade,a Padilha & Rebelo Lda,na qual ele e Bernardino Padilha possuiam metade das quotas ,estando aí também representados os comerciantes Lousanenses,António Joaquim da Silva e Luís Correia,António Ferreira Barata,da Regateira de Góis e Manuel Oliveira Junior da Figueira da Foz.Dedicando-se inicialmente ao comércio de vinhos ,lancaram-se posteriormente na Indústria,após comprarem a moagem e serração da familia Anastácio da Vila da Lousã.E foi a partir dessa pequena unidade fabríl funcionando com a força motriz de uma pequena central que em 14 de Fevereiro de 1924 se iniciou o fornecimento de energia elétrica à Lousã.Posteriormente construiram a Central das Ermidas,transformando depois a sociedade na grande empresa que foi a Companhia Eletrica das Beiras,da qual foi Diretor Comercial.
No
entanto e antes de toda esta obra, foi pioneiro do ramo industrial em
Chã de Alvares ao abrir ainda na década de 10 uma panificadora na
nossa povoação, que manteve até se fixar na Lousã e vendendo-a ao
seu cunhado João Lopes Froes, que a manteve a laborar até á data
do seu falecimento.
José
Augusto Arnault, faleceu na Lousã a 13 de Abril de 1959, tendo por
direito e mérito próprio nome de rua.
Foi
casado com Maria da Encarnação da Mota, com a qual teve :
Maria
Helena Rebelo da Mota Arnault- Casada com Jaime da Mota Tavares-Seu
Primo
Carlos
Rebelo da Mota Arnault- Nascido na Lousã em 1913 e falecido em
Coimbra em 1984.Casou com a sua prima, Maria dos Prazeres Cortez da
Mota da Quinta de São Paulo de Góis.
Lucinda
do Nascimento Rebelo -Nascida a 9 de Janeiro de 1899 na
Quinta das Tulhas ,foi batizada na Igreja Paroquial de Alvares pelo
Padre Coadjutor César Simões no dia 13 de Fevereiro do mesmo ano.
Foram seus padrinhos Maria de Jesus Ricardina Rebelo e António
Rebelo Mota Arnault ,seus irmãos. Casou na Cidade de Coimbra com o
seu primo Álvaro Cortez Rebelo a 18 de Março de 1926, do qual ficou
viúva a 27 de Julho de 1982 , com o qual viveu na Rua dos Combatentes
nº 25. O casal teve uma filha D. Maria Beatriz Rebelo, nascida em
1929 e que casou com Afonso Dias Padrão, residentes em Santo Tirso.
Faleceu a 23 de Janeiro de 1993 na cidade de Coimbra.
António
Rebelo Mota Arnault- Nasceu a seis de Outubro de 1873,
Foi batizado a 22 de Outubro na Igreja de Alvares. Foram os seus
Padrinhos António Rebelo da Mota e sua Mulher Justina
Ricardina. Faleceu a 10 de Janeiro de 1876.
António
Rebelo Mota Arnault- Batizado a 28 de Novembro de
1879.Nasceu a 28 de Novembro de 1879,tendo sido batizado a 6 de Janeiro de 1880.Foram seus padrinhos Joaquim Rebelo da Costa Arnault e Dona Justina Ricardina.
Francisco
Rebelo da Mota Arnault - Nasceu a Onze de Janeiro de
1888, na Quinta das Tulhas tendo sido batizado a 21 do mesmo mês e
ano, na Igreja Paroquial de Alvares pelo Pároco Joaquim José da
Veiga foram seus padrinhos António Rebelo da Mota Arnault e D.
Justina Ricardina, seus avós paternos. Casou a 10 de Maio de 1929 ,na
Capela de São João Baptista do Lugar de Cortes com D. Laura da
Conceição Cortez de Vasconcelos, ali nascida a 2 de Outubro de 1895
em casa dos seus pais, Antonino César Barreto Simões Cortez e Maria
Lusitana Augusta de Vasconcelos,(filha dos donos da Quinta da
Carrasqueira Justina Henriques de Matos e Daniel Baeta de
Vasconcelos).
Francisco
Rebelo Arnault faleceu na Freguesia de Sé Nova, em Coimbra no dia 5
de Novembro de 1982.Laura Cortez, faleceu em Julho de 1970 em sua
casa de Coimbra onde se fixou depois de largos anos a viver na sua
Quinta das Tulhas. Deu largos donativos para a Capela de Santa
Margarida, nomeadamente para a aquisição do altar em granito.
Tiveram
3 filhos
Maria
Cesaltina Cortes Arnault
Maria
Lurdes Cortez Arnault
António
Carlos Cortez Rebelo Arnault.- Casado com Maria Luísa Guimarães
Coelho,
São
junto com a D. Beatriz Rebelo os atuais donos da Quinta das Tulhas.
Muito bom. Parabéns
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