Foi no tempo do Liberalismo, mais
exactamente no ano de 1842,que foi promulgada a lei que proíbia os enterramentos
nas igrejas. Nessa época o único cemitério da freguesia de Alvares, situava-se junto á
velha Igreja Matriz da vila e datava de 1836.O crescimento populacional progressivo que ocorreu durante esse período levou a que no inicio da década de 80 do século
XIX,começassem a ser discutidas as primeiras ideias para a construção de um novo
cemitério, necessidade cada vez mais urgente numa altura em que a região era assolada
por uma vaga epidémica que provocou vasta mortandade.
Foram necessários, contudo, vários
anos para que as obras se iniciassem depois de um longo processo para adquirir o terreno necessário para o efeito.
Foi graças ás diligencias do chãsense
Joaquim Barata de Mendonça, que foi encetado todo o processo para a construção de um novo cemitério na Freguesia de Alvares. O primeiro passo foi dirigir-se a Coimbra, onde pediu audiência ao Bispo Conde D. Manuel Corrêa
de Bastos Pina ,de modo a expor a necessidade de acabar com o que se considerava
ser uma nojenta chaga que se exibia no centro da Vila, o velho cemitério. Pouco
tempo depois foi enviado para a vila de Alvares o subdelegado de saúde do concelho de Góis de modo a escolher o
local para um novo cemitério que mais higienicamente e com maior amplitude
satisfizesse as necessidade publicas. Contudo nem tudo foi fácil...
Iniciadas as obras em 1903 com o
rendimento obtido do resultado da Derrama, as mesmas foram rapidamente suspensas por
falta de verba. Depois de mais de um ano suspensa e sem verba pra
continuar a obra iniciada, decidiu a Junta de Alvares solicitar a 16 de Junho de
1905 o apoio do governo de Sua Majestade o Rei D. Carlos.. - «Senhor, a Junta
de Parochia, da Freguesia de Alvares, concelho de Góis, reconhecendo a grande e
urgente necessidade que havia em ser estabelecido nesta freguesia, um novo cemitério,
visto que o que existe, feito em 134,quando a população de freguesia era muito menor,
não tinha espaço necessário para as sepulturas de cinco anos, devidamente autorizadas,
resolveu estabelecer um novo cemitério. Para fazer face ás despesas, visto que
esta junta de Parochia de nenhuns meios podia, dispôs lançar uma derrama de
quinze por cento sobre as contribuições directas do Estado aos paroquianos
desta freguesia(..)
Queixaram-se os habitantes desta
freguesia e esta Junta de Parochia reconheceu que eles tinham razão de queixa,
visto que os seus rendimentos são cada vez menos, em virtude da seca de
Castanheiros e videiras, donde tiravam o seu melhor rendimento, e as suas
contribuições são cada vez maiores. Gastou-se o produto da derrama de 1903 ,na
construção do cemitério, mas como esta Junta não tinha meios, para construir a obra,
teve de se suspender. Há um ano que a obra foi suspensa, com risco de se perder
o que está já feito. Esta Junta de Parochia vem pois pedir que Vossa Majestade
se digne a conceder-lhe pelos Ministérios das Obras Publicas, o Subsidio de
Quinhentos mil Reis para poderem ser continuados e concluídas as obras da
construção do referido Cemitério»
Assinavam o Padre Manuel Fernandes
das Neves, o Padre José Maria Henriques de Matos e Francisco Rebelo da Mota
Arnault.
Apenas em 1914,e após um longo processo,
foi concluído o novo cemitério, em Alvares, no Bairro da Ladeira. Substituía-se
assim o antigo, que mostrava já sinais de ser diminuto para a vasta população
local.
O custo da obra foi 787§140 reis,
sendo que a valor para a cantaria da porta foi de 30 mil réis,e para o Portão
de Ferro cerca de 74 mil réis.
Várias Famílias compraram
previamente terrenos, para campas e jazigos:
Francisco Rebelo Mota Arnault-6 m2
Manuel Maria Lopes Ladeira-6m2
Maria Jesus Morgada 3m2
José Maria Barata 6m2
João Alves Roda-3m2
Joaquim Maria Alves 3m2
Foram ainda construídos Jazigos para
a Família Froes e Família Mota Arnault
Ao longo do século XX foram construídos
ainda o cemitério de Roda Cimeira e do lugar de Cortes. Desde os inícios da
década de setenta que a ideia de construção de um cemitério crescia não só no
seio da comunidade local, bem como por parte da Junta de Freguesia, devido ao
facto da totalidade do cemitério local estar já então lotado com a compra de
sepulturas perpétuas.
Foi necessário aguardar até à década
de noventa para que a povoação de Chã de Alvares fosse agraciada com a
construção de um cemitério. Até então todos os nossos antepassados foram
sepultados no cemitério da Vila até que após um longo processo se construiu o
cemitério de Chã de Alvares, junto ao Campo da Bola, local que por acordo da
Junta e Câmara Municipal foi escolhido em detrimento de um outro local a pouco
mais de 100 metros da Capela de Santa Margarida.
De forma rectangular, tinha 21
metros de frente por 32 de fundo, talhões para 108 sepulturas, incluído 20 para
crianças, talhão para Jazigos.
No projeto inicial, feito pelo GAT
de Arganil, era composto igualmente por Capela, salas de Autopsias e para Ossários,
dependências de arrumo, redes de agua e esgotos.
As obras iniciais tiveram lugar
apenas em 1992, sob alvo de várias criticas relativamente ao seu reduzido tamanho,
tendo ficado concluídas apenas, e após várias paragens, em 1996,foi inaugurado,
pelo Presidente da Câmara de Góis Dr. José Cabeças, acompanhado por Dr. Lurdes
Castanheira, Manuel Garcia Antão e Gracinda de Freitas Baeta pelo sr. Padre
Ramiro.
A festa da inauguração terminou na
Fonte, onde a LMCA, organizou um churrasco, para convívio não só de todos os
populares presentes mas igualmente para as entidades oficiais presentes.
Devido ás suas diminutas dimensões,
672 m2, foi necessário proceder á sua ampliação em 2016.
Ao fim de largos meses de trabalhos,
foi o cemitério alvo de uma discreta inauguração no mês de Julho de 2017,com a
presença do Padre Ramiro, da Sr. Presidente da Câmara de Góis e o Presidente da
Junta de Freguesia de Alvares.
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