sábado, 19 de maio de 2018

O cemitério



Inauguração da ampliação do cemitério de Chã de Alvares em 2017





Foi  no tempo do Liberalismo, mais exactamente no ano de 1842,que foi promulgada a lei que proíbia os enterramentos nas igrejas. Nessa  época o único cemitério da freguesia de Alvares, situava-se junto á velha Igreja Matriz da vila e datava de 1836.O crescimento populacional progressivo que ocorreu durante esse período levou a que no inicio da década de 80 do século XIX,começassem a ser discutidas as primeiras ideias para a construção de um novo cemitério, necessidade cada vez mais urgente numa altura em que a região era assolada por uma vaga epidémica que provocou vasta mortandade.

Foram necessários, contudo, vários anos para que as obras se iniciassem depois de um longo processo para adquirir o terreno necessário para o efeito.

Foi graças ás diligencias do chãsense Joaquim Barata de Mendonça, que foi encetado todo o processo para a construção de um novo cemitério na Freguesia de Alvares. O primeiro passo foi dirigir-se a Coimbra, onde pediu audiência ao Bispo Conde D. Manuel Corrêa de Bastos Pina ,de modo a expor a necessidade de acabar com o que se considerava ser uma nojenta chaga que se exibia no centro da Vila, o velho cemitério. Pouco tempo depois foi enviado para a vila de Alvares o subdelegado de saúde do concelho de Góis de modo a escolher o local para um novo cemitério que mais higienicamente e com maior amplitude satisfizesse as necessidade publicas. Contudo nem tudo foi fácil...

Iniciadas as obras em 1903 com o rendimento obtido do resultado da Derrama, as mesmas foram rapidamente suspensas por falta de verba. Depois de mais de um ano suspensa e sem verba pra continuar a obra iniciada, decidiu a Junta de Alvares solicitar a 16 de Junho de 1905 o  apoio do governo de Sua Majestade o Rei D. Carlos.. - «Senhor, a Junta de Parochia, da Freguesia de Alvares, concelho de Góis, reconhecendo a grande e urgente necessidade que havia em ser estabelecido nesta freguesia, um novo cemitério, visto que o que existe, feito em 134,quando a população de freguesia era muito menor, não tinha espaço necessário para as sepulturas de cinco anos, devidamente autorizadas, resolveu estabelecer um novo cemitério. Para fazer face ás despesas, visto que esta junta de Parochia de nenhuns meios podia, dispôs lançar uma derrama de quinze por cento sobre as contribuições directas do Estado aos paroquianos desta freguesia(..)

Queixaram-se os habitantes desta freguesia e esta Junta de Parochia reconheceu que eles tinham razão de queixa, visto que os seus rendimentos são cada vez menos, em virtude da seca de Castanheiros e videiras, donde tiravam o seu melhor rendimento, e as suas contribuições são cada vez maiores. Gastou-se o produto da derrama de 1903 ,na construção do cemitério, mas como esta Junta não tinha meios, para construir a obra, teve de se suspender. Há um ano que a obra foi suspensa, com risco de se perder o que está já feito. Esta Junta de Parochia vem pois pedir que Vossa Majestade se digne a conceder-lhe pelos Ministérios das Obras Publicas, o Subsidio de Quinhentos mil Reis para poderem ser continuados e concluídas as obras da construção do referido Cemitério»

Assinavam o Padre Manuel Fernandes das Neves, o Padre José Maria Henriques de Matos e Francisco Rebelo da Mota Arnault.

Apenas em 1914,e após um longo processo, foi concluído o novo cemitério, em Alvares, no Bairro da Ladeira. Substituía-se assim o antigo, que mostrava já sinais de ser diminuto para a vasta população local.

O custo da obra foi 787§140 reis, sendo que a valor para a cantaria da porta foi de 30 mil réis,e para o Portão de Ferro cerca de 74 mil réis.

Várias Famílias compraram previamente terrenos, para campas e jazigos:

Francisco Rebelo Mota Arnault-6 m2

Manuel Maria Lopes Ladeira-6m2

Maria Jesus Morgada 3m2

José Maria Barata 6m2

João Alves Roda-3m2

Joaquim Maria Alves 3m2

Foram ainda construídos Jazigos para a Família Froes e Família Mota Arnault

Ao longo do século XX foram construídos ainda o cemitério de Roda Cimeira e do lugar de Cortes. Desde os inícios da década de setenta que a ideia de construção de um cemitério crescia não só no seio da comunidade local, bem como por parte da Junta de Freguesia, devido ao facto da totalidade do cemitério local estar já então lotado com a compra de sepulturas perpétuas.

Foi necessário aguardar até à década de noventa para que a povoação de Chã de Alvares fosse agraciada com a construção de um cemitério. Até então todos os nossos antepassados foram sepultados no cemitério da Vila até que após um longo processo se construiu o cemitério de Chã de Alvares, junto ao Campo da Bola, local que por acordo da Junta e Câmara Municipal foi escolhido em detrimento de um outro local a pouco mais de 100 metros da Capela de Santa Margarida.

De forma rectangular, tinha 21 metros de frente por 32 de fundo, talhões para 108 sepulturas, incluído 20 para crianças, talhão para Jazigos.



No projeto inicial, feito pelo GAT de Arganil, era composto igualmente por Capela, salas de Autopsias e para Ossários, dependências de arrumo, redes de agua e esgotos.

As obras iniciais tiveram lugar apenas em 1992, sob alvo de várias criticas relativamente ao seu reduzido tamanho, tendo ficado concluídas apenas, e após várias paragens, em 1996,foi inaugurado, pelo Presidente da Câmara de Góis Dr. José Cabeças, acompanhado por Dr. Lurdes Castanheira, Manuel Garcia Antão e Gracinda de Freitas Baeta pelo sr. Padre Ramiro.

A festa da inauguração terminou na Fonte, onde a LMCA, organizou um churrasco, para convívio não só de todos os populares presentes mas igualmente para as entidades oficiais presentes.

Devido ás suas diminutas dimensões, 672 m2, foi necessário proceder á sua ampliação em 2016.

Ao fim de largos meses de trabalhos, foi o cemitério alvo de uma discreta inauguração no mês de Julho de 2017,com a presença do Padre Ramiro, da Sr. Presidente da Câmara de Góis e o Presidente da Junta de Freguesia de Alvares.

terça-feira, 15 de maio de 2018

O Ensino em Portugal e Chã de Alvares


A educação em Portugal desenvolve-se, tal como a conhecemos hoje a partir do reinado de D. José (1750-1777), com Sebastião José Carvalho e Melo a iniciar um conjunto de reformas educativas que rompem com aquilo que era conhecido à época. Desde logo, tentará chamar a si o “poder da instrução”, acabando por expulsar a Companhia de Jesus, que dominava a educação em Portugal, em 1759.

A instrução primária foi sendo alvo de debate ao longo da segunda metade do século XVIII, existindo avanços e recuos face às políticas encetadas pelo Marquês de Pombal.

Será, no entanto, a partir da Revolução Liberal Portuguesa, que se construirá o sistema de ensino primário e secundário com um conjunto de leis que foram aprovadas na década de 30 do século XIX.

O ponto de partida terá sido motivado e inspirado no gesto benemérito do emigrante Joaquim Ferreira dos Santos, agraciado com o titulo de Conde de Ferreira, que determinou a construção de 120 escolas de ambos os sexos, nas sedes de concelho, segundo uma mesma planta que contemplava também a casa para o professor das primeiras letras, fixando o preço do custo. Só a partir da iniciativa deste homem excecional, que o Governo da nação principiou a legislar sobre as condições exigidas á construção de Escolas Primária e do seu mobiliário. Até então a sala de aula era no dizer de Eça de Queirós: "uma variação entre o celeiro e o curral", ou então as lições eram dadas em casa do professor, numa tradição que remontava á aprendizagem de ofícios,em que muitas vezes o aprendiz vivia com o mestre. Raro não eram os casos em que as funções de Professor eram exercidas pelos Padres locais.

Desconhece-se a data em que se iniciaram as aulas de instrução primária na freguesia de Alvares. Apenas se sabe que nos finais da década de 70 do século XIX, a Junta Paroquial se reunia para debater e reunir esforços e apoios de modo a criar uma escola de ensino primário feminino na freguesia de Alvares, onde segundo dados da mesma Junta residiam mais de 400 crianças do sexo feminino com idade inferior a 14 anos.

Foram necessários 6 anos para que as primeiras letras fossem administradas numa Sala de aula improvisada no lugar de Casal de Cima, arrendada pelo valor de 8 mil Réis desde 1886.Poucas eram as povoações que tinham uma escola. Na região apenas, Chã de Alvares, Alvares, Amoreira e Pessegueiro cujos registos provam a existência de Instrução Primária já no ano de 1874,sendo o Professor Abílio Nunes Duarte.

E no que diz respeito á nossa povoação muito se deveu ao facto de aqui viver uma família de professores e Tabeliães, conhecidos como os Barata de Mendonça, e aos esforços do então Presidente da Junta de Alvares de Alvares, Daniel Baeta de Vasconcelos.

Por essa data, a inexistência de uma casa escolar preocupava já alguns elementos da comunidade de Chã que decidiram unir esforços e construir um edifício escolar. Os mais insignes cidadãos dos povos de Chã de Alvares, como assim designavam a povoação, reuniram esforços para encontrar terreno para a construção de um edifício Escolar e Residência para a Professora. Contavam então com a promessa de abonado donativo por parte do abastado comerciante, nascido no Casal de Santa Margarida e radicado no Brasil, o Sr Caetano Ferreira Fontes.

Contudo, e apesar do dinheiro acabar por ser entregue, no valor de 50 libras, a obra nunca foi concluída e a verba do “Brasileiro” acabou por ser desviada para outro fim. Com a impossibilidade de manter a Junta o pagamento de 8 mil Réis da renda da Escola do Casal de Cima ,as aulas passaram a ser administradas numa casa nas Tulhas, cedida de forma gratuita pelo abastado proprietário Francisco Rebelo Arnault.

Aí, lado a lado com uma casa de Gado, com apenas uma mesa corrida e alguns bancos, e sem sequer existir um quadro de ardosia, tiveram as primeiras luzes do ensino as crianças de Chã de Alvares até 1903,ano em que foi, para o efeito, arrendada a casa de Manuel Henriques pela quantia de 15 contos anuais e onde por largos anos se situou a Escola Mista de Chã de Alvares. Era um edifício de grandes dimensões de quatro águas, composto por amplas divisões, utilizada como duas salas ,uma para o 1º e 2º classe e uma outra para a 3º e 4º classe. Devido á grande dimensão do imóvel havia ainda espaço para a residência da professora com acesso no mesmo corredor das salas de aula.

Com uma localização privilegiada o edifício tinha ainda uma cozinha anexa e um grande quintal cujo acesso era feito por uma escadaria interior. O madeiramento era em Castanho e as ombreiras de portas e Janelas todos em granito, material apenas utilizado nas casas mais nobres da região.

Chegados ao ano de 1910 apenas existiram 3 escolas, na freguesia: a de Chã de Alvares, onde lecionava a Professora Maria Rosa Luz Leite; e as Escolas Masculina e Feminina de Alvares, onde lecionava a Professora Emília Neves da Silva e o Professor Manuel dos Santos Ferreira. Este ultimo ficou ligado á história daquela vila, onde lecionou entre 1900 e 1936.Foi ainda Presidente da Junta de Freguesia, exerceu funções de Juiz de Paz e manteve ainda atividade jornalística e literária. Casado com Rosalina Henriques de Matos e Cunha, que igualmente lecionou na freguesia, foram pais de Anselmo dos Santos Ferreira,insigne figura local.

A Professora Emília ,de Alvares era casada com o igualmente Professor de instrução primária, António Joaquim das Neves ,que lecionava no Colmeal. Casaram em Alvares em 1884 e nesse mesmo ano ali foram pais de Hermano Neves, jornalista de renome nos Jornais “Vitoria“ e“O Século“.

Com a subida ao poder dos Republicanos começaram a proliferar por todo o país escolas, abrindo em 1910,a Escola de Roda Fundeira, e em 1911,Mega Cimeira e Cortes. Em 1915 o numero de alunos na Escola de Chã de Alvares era de 66 alunos,17 raparigas e 49 rapazes.

Em 1923 estudavam no Covão 39 alunos para uma única professora. Nesse mesmo ano estudavam na Escola de Mega de São Domingos (Mega Cimeira),50 alunos para uma única professora. Nas povoações de Roda Cimeira e Cortes o numero era de 20 alunos para um único docente em cada uma delas. Apenas a sede de Freguesia possuía dois professores.

Segundo os dados Estatísticos da época o índice de analfabetismo do concelho de Góis era de 79.6% ,(67.3% nos varões e 89.8% na população feminina).

Em 1929 o recenseamento efetuado indicava a existência de 1354 crianças em idade Escolar. A sua distribuição era a seguinte na Freguesia de Alvares:Alvares,103,Mega de São Domingos 80,Cortes 97,Chã de Alvares 111 e Roda Cimeira 83. Pelo mesmo censo Chã de Alvares tinha o maior núcleo de crianças em idade escolar de todo o município de Góis. Nesse mesmo ano letivo matricularam se 642 crianças, nas 18 escolas do Concelho de Góis, ficando portanto fora do ensino oficial 712 jovens em idade escolar.

Na que é conhecida como a antiga escola do Covão lecionava por essa altura a Professora D. Maria Rosa Luz Leite que ali permaneceu durante mais de 30 anos. Veio substituir o então jubilado Rafael Barata de Mendonça, que aqui administrou as primeiras letras á povoação local.

Maria Rosa foi a professora local entre 1896 e 1926,ano em que se aposentou, e que provocou um crise educacional na povoação, primeiro com a vinda todos os anos de uma professora diferente, o que era prejudicial para o ensino das crianças, numa altura em que o numero oficial de crianças em idade escolar era já de 180 alunos, e posteriormente, entre 1933 e 1935 com o encerramento da definitivo da escola, não sendo destacado para a escola do Covão nenhum professor. Passavam assim, e até 1935,as crianças a percorrer a pé o longo caminho até Alvares, onde ficariam a frequentar o ensino primário.

Maria Rosa da Luz Leite era natural de Esmoriz e fixou residência durante trinta anos com seu marido, António Costa Leite tendo por cá dois filhos.

No ano de 1935,é destacada para a Chã a professora D. Dália Mendes Pereira Arnault, que aqui permaneceu até 1937.Nesse ano, voltaria a escola a fechar por falta de professora e por falta de condições, visto que o edifício onde estava instalada demonstrava já os sinais do tempo. Em 1938 reabriria a escola tendo como professora D. Maria Elvira Buiça Rocha, após umas ligeiras reparações que custaram à Liga de Melhoramentos 8.487 escudos. Mais tarde ao verificar-se que esta não comportava o número de crianças (então cerca de 120), a Liga alugou, ao industrial de Sr. Manuel Pedro Aleixo durante um período de 5 anos, uma casa situada em Casal de Cima, onde passou a funcionar a escola masculina, com mobiliário cedido em parte pela câmara de Góis e outra parte pela própria Liga de Melhoramentos da Chã de Alvares que adiantou o valor de 2.700 escudos para pagar 5 anos de aluguer,45 escudos mês. A Escola de Casal de Cima abriu em 1945,para satisfação geral da população que tinha agora a escola masculina em Casal de Cima e feminina no Covão.

A professora Elvira vivia no mesmo edifício escolar com o seu marido o igualmente professor, José Lourenço das Neves., e a filha de ambos, Maria Marina Rocha Neves.

Será no início da década de quarenta e devido ao permanente número elevado de crianças em idade escolar, que se começa a projetar, e aproveitando o Plano dos Centenários, do Estado Novo, para construir um edifício escolar de raiz. O povo mais uma vez colaborou não só com dinheiro mas também com dias de trabalho. O terreno onde a mesma se encontra foi cedido por Francisco Rebelo Arnault,e os trabalhos estiveram a cargo da Liga e do povo de Chã de Alvares.

A inauguração da mesma teve lugar no ano de 1947,e funcionou durante cerca de 50 anos, tendo encerrado por motivo de falta de alunos. Em 1947 o recenseamento Escolar contabilizava 433 crianças na freguesia ,sendo que 106 eram de Chã de Alvares. Nesse já distante ano funcionavam em toda a freguesia de Alvares, nove escolas e um total de 13 salas de aulas: Chã de Alvares, Alvares, Cortes, Mega Cimeira, Roda Cimeira, Amioso do Senhor, Simantorta, Milreu e Amieiros, que aos poucos foram encerrando.



No Estado Novo, o sistema de ensino era regulado por manuais escolares únicos, nos quais estavam espelhados os valores tradicionais e ideológicos do Estado Português, a excelência do ensino era conseguida, quase sempre, pela força da memorização de conteúdos, da intimidação, da humilhação e dos castigos corporais, o aluno não podia demonstrar o seu espírito crítico nem a sua liberdade de pensamento;
Uma das características da escola portuguesa era a existência de salas de aulas com carteiras alinhadas, muitas vezes aparafusadas ao chão. Havia um estrado alto, em madeira, e uma secretária elevada para o professor, para demonstrar a sua superioridade em relação aos alunos; nas paredes existiam dois retractos: primeiro de Oliveira Salazar e de Óscar Carmona, depois de Oliveira Salazar e de Américo Tomás, e finalmente de Marcelo Caetano e Américo Tomás. No meio existia sempre um crucifixo;
Durante o Estado Novo, o ministro da Educação, Eusébio Tamagnini, numa entrevista dada ao jornal “Diário de Notícias”, publicada no dia 21 de Novembro de 1934, explicava como se iria extinguir o analfabetismo, apesar de não ter verbas suficientes para atender a todos os casos de adultos e crianças que não sabiam ler nem escrever. Para ser resolvido, afirmou que o problema teria de ser simplificado, de acordo com as modernas descobertas pedagógicas, dividindo a população portuguesa em cinco grupos, a saber: 1.º Ineducáveis, que correspondia a 8%; 2.º Normais estúpidos - 15%; 3.º Inteligência média - 60%; 4.º Inteligência Superior - 15%; 5.º Notáveis - 2%;

Durante o Estado Novo, a preocupação quanto aos valores tradicionais portugueses estava presente em todas as ações do Estado. Em 1936 foi publicada a “Obra das Mães para a Educação Nacional”, cujo objetivo primordial foi a formação integral das mães e mulheres de Portugal. Esta obra, cujos estatutos foram aprovados em 1 de agosto de 1936, pelo Ministro da Educação Nacional, Carneiro Pacheco, pretendia ainda, de um modo geral, incutir de forma plena os valores da educação nacionalista nos jovens portugueses;

Durante o Estado Novo houve sempre o receio do envolvimento do poder local na educação, que já vinha sendo expresso, desde a segunda metade do século XIX (década de setenta), por vários escritores que, nas suas obras, referiam-se de forma negativa ao poder local e aos jogos de influência mesquinha aí existentes. Nestas obras literárias, era apresentada uma visão do município como um espaço povoado por uma “população boçal e analfabeta governada por uns caciques medíocres e incultos que manipulavam as eleições ao serviço da sua carreira política ou das clientelas dos partidos no poder” (Sousa Fernandes, 2005).

Só com a Constituição de 1976 foram aumentados os poderes do município na questão da educação, que passaram para uma vertente de cariz mais local e baseado numa democracia de base popular. O município passou de um simples financiador obrigatório da educação básica a parceiro social e elemento ativo da política educativa local.

Assim, em oposição ao Estado Novo, verifica-se atualmente que ao município compete a construção, manutenção e equipamento dos edifícios da rede escolar nos vários graus de ensino; a responsabilização na área dos transportes escolares; a comparticipação na Acão Social Escolar; a gestão dos refeitórios; a gestão do pessoal não docente; a participação nos órgãos de escola (Conselho Geral); na constituição dos Conselhos Municipais de Educação; na elaboração da Carta Educativa Municipal; nas parcerias para constituição de escolas profissionais, artísticas, ensino especial, etc.; no apoio às Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) e, na atualidade, de forma ainda mais visível, na definição da política de reorganização escolar, nomeadamente nos pareceres acerca da constituição e aprovação dos Agrupamentos de Escolas.

No ano letivo de 1993/94,apenas estudavam 5 alunos. Por esse ano ainda permaneciam na freguesia, abertas 6 escolas:

Alvares-2alunos

Chã—5 alunos

Amieiros-3 alunos

Amioso do Senhor-10 alunos

Cortes-8 alunos

Milreu-6 alunos

Atualmente, todas encerraram, servindo algumas delas como centro de convívio, para darem um pouco de vida, não ás crianças, mas agora a todas as gerações, principalmente ás que estão na ultima fase da vida e escolhem as suas aldeias para viverem em paz e sossego os últimos anos da sua vida. Atualmente e desde meados da década de noventa a escola encontra-se encerrada devido ao reduzido número de alunos. Aliás de todas as antigas escolas da freguesia de Alvares, apenas a da Vila, com o novo Centro Escolar, permanece em funcionamento com 17 alunos (numero referente a 2010).

A última escola a encerrar foi a existente na aldeia de Cortes, que em 2009, ano do seu encerramento, ainda tinha 10 alunos.

Material Escolar

Apagador-Usado para eliminar o giz do quadro de Lousa

Pesa-Cartas-balança destinada à pesagem da correspondência oficial.

Balança de pratos em ferros: servia para o treino de pesagens

Bata Banca-a escola era da responsabilidade da professora, que usava bata branca, assim como os alunos.

Bandeira Nacional-Símbolo da Pátria

Caixa Métrica- servia para guardar materiais de medição e sólidos geométricos

Caixa de Giz. Marca Imperial na década de 60

Caixa de pesos: forma cilíndrica

Carimbos: Utilizados para carimbar a tinta desenhos de animais, meios de transportes, alimentos e profissões

Cana da India-Utilizada pelo professor para referência

Compasso de Madeira-usado para fazer arcos de circunferência

Coleção de pesos em ferro-medidas hexagonais de 16 pesos de balança de 0,5g a 1 kg

Coleção de sólidos geométricos: esfera, cubos, cilindros, pirâmides, prismas.

Estojo de Madeira c/7 divisórias: servia para guardar aparos, a haste, corretor de madeira e compasso metálico

Frasco de tinta: Utilizado para guardar a tinta que abastecia os tinteiros

Globo terrestre: usado para ensinar os alunos a encontrarem a representação gráfica dos países, continentes e Oceanos.

Lápis: precedeu o uso da escrita com tinta

Lousa ou Pedra: feita de ardósia, cinza escura ou preta onde os alunos escreviam com lápis de giz.

Mapas: utilizado para aprender as representações cartográficas de Portugal Continental e Ultramar

Mapa Mundo: utilizado para ensinar a localização geográfica dos Países.

Mapa de transito: usado para ensinar as crianças as orientações e sinais de transito.

Medidas para Líquidos: usadas para ensinar a medir leite,água,óleo..etc

Medidas de capacidade: servia para medir sólidos como o litro, meio litro etc

Palmatória: usada pelo professor como u instrumento para manter a ordem

Fio de prumo: usado para ensinar os alunos a encontrarem ou conferirem o vertical do lugar

Ponto de Madeira: objeto, muitas vezes usado para castigar os alunos

Quadro de ardósia: colocado na parede ,normalmente por cima de um estrado para ajudar os alunos a escreverem no quadro

Tabuada: Instrumento de memorização na aprendizagem das operações de dividir ,somar, multiplicar e subtrair

Tinteiros de Porcelana: objeto semelhante a um copo com um orifício na parte superior onde se colocava a tinta para a caneta

Mobiliário Escolar

Armário c/vitrina: usado para guardar os instrumentos de medição e batas escolares

Cabide de Madeira c/5 divisórias: utilizado para guardar vestuário e lancheiras

Cadeira de braços giratória: Cadeira de uso do professor

Carteira individual com reservatório para tinteiro: constituída por assento, encosto, mesa e reservatório para tinteiro

Carteira dupla com reservatório para tinteiro: as crianças sentadas nem sempre pertenciam ao mesmo ano de escolaridade.

Crucifixo em bronze: símbolo do regime e apoio as aulas de educação Moral e religiosa católica

Relógio Redondo: colocado na parede da sala

Retrato de Oliveira Salazar e Américo Tomás: as salas tinham obrigatoriamente, afixados nas paredes a fotografia do Presidente do Concelho e Presidente da República, símbolos de afirmação nacionalista

Secretária do professor-colocada em cima de um estrado para permitir a  visão global da sala.

Vitrina de Madeira: Utilizada para guardar a bandeira Nacional

Escarrador de Esmalte com suporte em Ferro: no final do século XIX e inicio do século XX, a tuberculose causou enorme preocupação pública. Para evitar o contágio da doença, foram tomadas diversas medidas como o uso obrigatório destes objetos nos locais públicos.