quarta-feira, 20 de maio de 2020

Os Henriques de Matos da Quinta da Carrasqueira


                            Família Henriques de Matos
  



Ramo da Quinta da Carrasqueira

Uma das famílias mais importantes da aldeia de Chã de Alvares, ao longo de todo o século XIX e inicio do século XX, foi certamente a família Henriques de Matos.
A origem desse apelido na aldeia data de finais do século XVIII, mais precisamente a 16 de Setembro de 1793 ,data do casamento de Manuel Henriques de Vide, nascido nas Tulhas a 11 de Abril de 1751,filho de António Lopes de Vide, do Covão e Ângela Tavares da Mota, do Casal de Diogo Vaz, com Maria Luiza de Matos, nascida em Celavisa a 6 de Maio de 1762, filha de José Francisco dos Santos, do Casal do Gago, em Poiares, e de sua mulher Luiza Tereza de Matos de Celavisa, onde eram moradores.
Do matrimónio nascem os seguintes filhos:
1.1-António Henriques-Vereador da Câmara Municipal de Alvares em 1803.Nascido no Casal das Tulhas-Chã de Alvares. Casou com Isabel Simões.
1.2-Manuel Henriques de Vide- Nasceu a 11 de Abril de 1751 no lugar das Tulhas. Casou aos 42 anos com Maria Luiza Teresa de Matos, em Celavisa, no dia 16 de Setembro de 1793.Apesar do casamento se ter efetuado na terra dos avós da noiva esta já vivia no lugar das Tulhas com os seus pais e seus irmãos, que já nasceram no lugar.
A decisão de efetuar o matrimónio em Celavisa deverá estar relacionado com o facto do seu irmão Padre António José de Matos ser Pároco naquela freguesia.
Apesar de 11 anos de diferença entre os noivos não houve impedimento para que fosse gerada vasta prole de filhos.

1.2.1-Manuel Henriques de Matos
1.2.2-António Hqs de Matos -Ramo Henriques de Matos Casa das Morgadas,Casal de Cima
1.2.3-Maria Luiza Henriques de Matos
1.2.4-José António Henriques de Matos-Padre

1.2.1-Manuel Henriques de Matos- Nasceu a 3 de Agosto de 1795,no lugar de Tulhas, Casal anexo `aldeia de Chã de Alvares. Casou com Maria José de Matos (b:1796/f:5.2.1876),sua prima filha de Joana Rita de Matos,de Celavisa e Manuel Baeta do lugar de Pisões,Castanheira de Pêra.Foi o ùltimo Administrador do Município de Alvares.
1.2.1.1-António Maria Henriques de Matos- Nasceu em 1831,batizado a 3 de Maio de 1831.Foram seus padrinhos o Reverendo José António de Matos ,que trocou por procuração do Padre António José Matos ,pároco em São Miguel de Poiares, e madrinha Rita Maximina de Midões.
O Padre António José de Matos, era tio-avó de António, tendo servido em altos cargos do Reino. Entre eles o de Procurador Régio de Arganil.
Faleceu Solteiro na Quinta da Carrasqueira onde vivia com a sua irmã Justina e seu irmão Manuel.
1.2.1.2-Manuel Henriques de Matos Júnior-Batizado a 18 de Dezembro de 1828.Foram seus Padrinhos Capitão Manuel da Mota Tavares e Josefa Maria Gonçalves na Quinta da Carrasqueira, e batizado a 10 de Outubro do mesmo ano. Conforme nos conta Paulo Coutinho Rebelo no seu livro “Memórias da Familia Henriques da Silva”,um dos últimos Mattos morreu tragicamente.
Um dos últimos Matos a residir na Quinta adoeceu e ter-lhe-á sido recomendado um clister.
«A empregada encarregada da mesinha preparou e procedeu à aplicação que era feita ámaeira antiga com uma espécie de funil de vidro de bojo largo ,onde se despejava a água que seria introduzida nos intestinos do paciente.A água com adição de algumas ervas ou gorduras saponificadas como as que se aplicavam na produção de sabão caseiro teria de ferver para purificar e era coada em pano de linho para o jarro que serviria para despejar no referido funil.
Mas a pobre da criada por ignorância ou descuido não soube verificar a temperatura.Parece que a aplicação não foi a quente mas a ferver e o velho senhor, um dos Matos, face á dor ergueu-se do leito e numa corrida desesperada caiu da varanda contorcendo-se de dores. Não era necessário a queda, o escaldão já chegaria para o matar.” Faleceu solteiro a 14 de Fevereiro de 1903.
1.2.1.3-Maria José de Matos Nascida nas Tulhas e batizada a poucos dias depois a 18 de Janeiro de 1825. Foi apadrinhada por António Henriques de Matos e Maria Luísa. Casou a 4 de Agosto de 1852 na Capela de São Paulo, Freguesia de Gois, com Manuel António Pereira Dias, filho de António José Dias e Maria Joaquina de Rio de Vide. Manuel faleceu a 19 de setembro de 1889, com 79 anos. Maria José faleceu a 23 de Julho de 1897 em Rio de Vide. Não deixaram descendência.
Tiveram a seu cargo a sobrinha Generosa Adelaide de Matos Tavares ,da qual foram seus protetores, custeando os estudos no Convento de Semide e a quem fizeram sua Herdeira universal.
Não deixaram descendência.
1.2.1.4-Justina José Henriques de Matos Nasceu na Quinta da Carrasqueira, e foi batizada a 28 de Outubro de 1834, faleceu em Novembro de 1915.
Casou com Daniel Baeta de Vasconcelos, a 4 de Fevereiro de 1869 (b:1839;f:1934), filho do Tabelião Daniel Pires de Almeida de Roda Cimeira e de D. Antónia Undemila Coltrim de Vasconcelos, de Rego de Murta, Senhora da Quinta da Feteira, no Concelho de Pampilhosa da Serra onde residiam.
Daniel seu marido era irmão de José Baeta de Vasconcelos e António Baeta de Vasconcelos e do Padre Francisco Baeta de Vasconcelos,pároco na Cidade de Coimbra. Eram não só pelo prestigio da ambas as famílias a que pertenciam bem como pela riqueza que detinham um dos casais mais ricos e influentes da região.
Daniel Baeta de Vasconcelos, foi escrivão e tabeliãodo Juizo Ordináriodo Julgado da Pampilhosa da Serra,por carta passada a 07 de Julho de 1867,e Presidente da Junta de Freguesia de Alvares no período de 1887-1890 e que coincidiu com o período mais conturbado da história local de Chã de Alvares com a disputa da Capela e todo o contexto Politico que envolveu esse processo.
O casal dividia a sua vida entre as duas Quintas, intercalando largos periodos entre uma e outra.
Após o falecimento de Justina em Novembro de 1915, a Quinta da Carrasqueira passou para segundo plano.Daniel Baeta de Vasconcelos só viria a morrer ,com quase 100 anos em 1934.
A Velha Quinta da Carrasqueira ficou então durante largos anos entregue aos caseiros.A vasta propriedade já desmenbrada pelas partilhas iniciais entre os irmãos Henriques de Matos,ficou ainda mais débil com a divisão em dois lotes entre os irmãos Luzitana e Ayres de Vasconcelos.Por herança e venda os seus últimos donos foram a Familia Rebelo Arnault da Quinta das Tulhas.
1.2.1.4.1-Maria Lusitânia Augusta de Vasconcelos -Nascida na Quinta da Carrasqueira em 1870, batizada a 21 de Fevereiro desse mesmo ano na Igreja Matriz de Alvares. Foram seus Padrinhos Francisco Baeta de Vasconcelos, Pároco residente na Quinta da Feteira e Maria Henriques de Matos, sua tia materna, residente em Rio de Vide. Casou com Antonino César Barreto Simões Cortez, das Cortez, filho de Antonino Simões Cortez e Maria dos Prazeres ,do lugar de Cortes. Maria Lusitana faleceu a 4 de Abril de 1949.A sua dedicação e benemerência fez dela uma figura muito querida na aldeia de Cortes onde lhe deram nome de rua. Na placa a frase “Virtuosa e Esmoler Senhora”
Foram pais de:


Placa Toponímica em Cortes- Foto de João R. Antão

1.2.1.4.1.1-Artur Simões Cortez- Nasceu a 17 de Janeiro no lugar de Cortes ,e batizado a 21 de Fevereiro de 1894,na Igreja Paroquial de Alvares. Foram seus Padrinhos o avô materno, Daniel Baeta de Vasconcelos e Avó paterna Maria dos Prazeres. Senhor da Casa da Feteira que Herdou de seu avô manteve a Quinta da Feteira durante largos anos, acabando por vender posteriormente a Manuel Francisco dos Reis e sua mulher Laura Santos. Faleceu na Freguesia de Santa Cruz em Coimbra a 3 de Agosto de 1972.
1.2.1.4.1.2-Laura Conceição Cortez-Nasceu nas Cortes a 2 de Outubro de 1897 e batizada a dia 21 do mesmo mês e ano na Igreja Paroquial de Alvares, pelo Padre Joaquim Lopes da Veiga. Foram seus Padrinhos António Maria Simões Cortez e a sua avó materna Justina Henriques de Matos. e falecida no ano de 1970. Casou com Francisco Rebelo Mota Arnault Júnior em 1919.
1.2.1.4.1.2.1-Maria Cesáltina Cortez Arnault
1.2.1.4.1.2.2-Maria de Lurdes Cortez Arnault
1.2.1.4.1.2.3-António Carlos Cortez Rebelo Arnault
1.2.1.4.1.3-João Carlos Barreto de Vasconcelos-Nascido a 18 de Março de 1892.Nasceu em casa dos seus pais nas Cortes.Foram seus padrinhos João Cortez Barreto Arnault e Dona Maria da Natividade de Mello Figueiredo Napoles,conhecida como a “Velha da Feteira”.
1.2.1.4.2-Ayres Henriques de Matos- Nasceu a 5 de Setembro de 1871 na Quinta da Carrasqueira. Foram seus padrinhos Manuel António Pereira Dias casado e Generosa Adelaide de Matos,solteira, residentes em Rio de Vide. e casou em 1907 com Albertina Simões (29.12.1880), filha de Manuel Simões e M.da Piedade Cunha. Fixaram residência em Castelo Viegas, freguesia do Concelho de Coimbra,de onde a noiva era oriunda.
Ayres de Matos faleceu e 20.12 de 1951 e D. Albertina, que ainda contribuiu para a construção da Capela de Santa Margarida, faleceu anos mais tarde a 20.7.1971.Não deixaram descendência.


Quinta da Carrasqueira






Quinta da Feteira


1.2.1.5-Umbelina José de Matos- Nasceu em finais de Novembro de 1826 na lugar das Tulhas. Foi batizada a 6 de Dezembro do mesmo ano. Foi seu Padrinho o Padre José António Henriques de Matos,tio paterno
Casou com António Maria Mota Tavares, filho de Manuel da Mota Tavares e Ana Cândida, (f:25.9.1854), moradores no Casal de Diogo Vaz.O casal Umbelina e António faleceu no ano de 1859, ele a 23 de Setembro e ela no dia seguinte,desconhecendo-se a razão do seu falecimento,não deixando de ser curioso pela proximidade de datas,bem como pelo facto de terem ambos pouco mais de 30 anos.
Este casal teve a:
1.2.1.5.1-Manuel do Nascimento Mota Tavares-Nasceu a 24 de Dezembro de 1844,foi batizado em Alvares a 7 de Janeiro de 1845. Casou com Maria Encarnação a 21 de Fevereiro de 1865,na Igreja Matriz de Alvares, filha de Manuel Cortez e Maria Luísa Henriques de Matos. O casal teve um nado-morto em 1866.
O casamento pouco durou pois ainda na flor da idade Manuel morreu a 31 de Julho de 1867 com 22 anos deixando viúva Maria Encarnação . Esta passou a habitar a abastada casa do Casal de Diogo Vaz,construida recentemente, junto à casa dos seus pais. Nela viveu com seu primo o Padre José Maria Henriques de Matos os últimos anos de sua vida,a quem deixou vasta herança.
1.2.1.5.2-Maria do Rosário- Nascida em casa de seus pais em Casal de Diogo Vaz a 26 de Julho de 1851,e batizada na Igreja de Alvares a 20 de Agosto do mesmo ano. Foram seus padrinhos os tios Maternos. Manuel Henriques de Matos Júnior e Maria Henriques de Matos. Falecida a 27.7.1852
1.2.1.5.3-Maria Generosa Matos Tavares - Nascida a 21 de Abril de 1853, foi batizada a 28 de Abril do mesmo ano, na Igreja da Vila de Alvares. Foram seus padrinhos o avô paterno Manuel da Mota Tavares e sua irmã Maria dos Prazeres. Foi viver para junto dos seus tios Maria José e Manuel em Rio de Vide que se responsabilizaram pela sua educação. Fez os seus estudos no Convento de Semide, ali viveu até a idade adulta, quando contraiu matrimónio com José Duarte Areosa, negociante, no dia 10 de Novembro de 1872 na Igreja Paroquial de Rio de Vide, Município de Miranda Do Corvo. Ele natural da Freguesia de Santa Cruz , da Cidade de Coimbra.
Sem descendência.
1.2.1.5.4-Maria dos Prazeres-Nascida a 8.11-1846, foram seus padrinhos a avó materna Ana Cândida, e o Padre José António Henriques de Matos, das Tulhas. Falecida em 3.11.1856.
1.2.1.5.5-João Maria Mota Tavares- Nascido no Casal de Diogo Vaz a 9 de Abril de 1849,é batizado a 16 do mesmo mês na Igreja de Alvares. Faleceu a 09 de Fevereiro de 1933.Casou com Maria de Jesus (21/09/1857 filha de Manuel Mota (da Aldeia Fundeira) e Maria de Jesus (da aldeia de Carvalho), casaram no Machio no dia 29 de Abril de 1875, na Igreja Paroquial de São Miguel do Machio de Cima. Tinha ela 18 anos. Ela era Irmã de Firmino Mota Arnaldo, Presidente Da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra (Bt:12/03/1865).
Foi este o casal que junto á antiga casa de família construiu um imenso casarão que ainda hoje existe.

Segue no Ramo Henrique de Matos das Tulhas e Casal de Diogo Vaz

1.2.2- António Henriques de Matos-Nascido nas Tulhas a 21 de Dezembro de 1797. Foi batizado a 28 de Dezembro de 1797.Monteiro-Mor no Município de Alvares por Carta de 27-08-1824.
Foram seus Padrinhos o Reverendo António José de Matos e a sua avó Maria Luiza Teresa de Matos. Abastado proprietário em Chã de Alvares-

Segue no Ramo da Casa das Morgadas- Casal de Cima

1.2.3-Maria Luiza Henriques de Matos-Nasceu nas Tulhas e foi batizada a 24 de Abril de 1800 na Igreja Matriz da Vila. Foi sua madrinha Luiza Teresa de Matos sua avó materna de Celavisa.
Casou com Manuel Cortez Barreto, filho de Bernardo José Cortez e Joaquina da Encarnação de Roda Fundeira, nascido em Março de 1800 e batizado a 4 de Abril do mesmo ano. Casaram na Capela de Santa Margarida a 13-07-1834 .
Faleceu nas Tulhas a 16 de Fevereiro de 1847.Tiveram prole:
1.2.3.1-Maria da Encarnação Henriques de Matos
1.2.3.2-Abílio Henriques Cortez

Segue no Ramo Henrique de Matos das Tulhas e Casal de Diogo Vaz

1.2.4- José António Henriques de Matos-Padre .Batizado a três de Novembro de 1803, pelo Pároco de Celavisa, Teotónio Luís da Costa, poucos dias depois de nascer nas Tulhas. Foram seus padrinhos António Rebelo da Mota das Tulhas e sua esposa .Foi Ordenado Padre em 1825 e Coadjutor da Freguesia de Alvares em 1839.Foi ainda Capelão do Regimento de Milícias de Arganil.Faleceu em sua casa,no lugar das Tulhas a 25 de Novembro de 1877.


Quinta da Carrasqueira

Fontes:
Registos Paroquiais
Raízes & Memórias nº34
Memórias e Raízes da Família Henriques da Silva

1 comentário:

  1. António Lopes de Vide, do Covão e Ângela Tavares da Mota, do Casal de Diogo Vaz, eram meus antepassados directos de 7ª geração, soube há pouco tempo através de uma plataforma de genealogia.
    Há nomes e locais que me lembro de a minha avó falar e adorei ler a história. Muito obrigada.

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