Família Henriques de Matos
Ramo da Quinta da Carrasqueira
Uma das
famílias mais importantes da aldeia de Chã de Alvares, ao longo de
todo o século XIX e inicio do século XX, foi certamente a família
Henriques de Matos.
A origem
desse apelido na aldeia data de finais do século XVIII, mais
precisamente a 16 de Setembro de 1793 ,data do casamento de Manuel
Henriques de Vide, nascido nas Tulhas a 11 de Abril de 1751,filho de
António Lopes de Vide, do Covão e Ângela Tavares da Mota, do Casal de
Diogo Vaz, com Maria Luiza de Matos, nascida em Celavisa a 6 de Maio de
1762, filha de José Francisco dos Santos, do Casal do Gago, em
Poiares, e de sua mulher Luiza Tereza de Matos de Celavisa, onde eram
moradores.
Do
matrimónio nascem os seguintes filhos:
1.1-António
Henriques-Vereador da Câmara Municipal de Alvares em
1803.Nascido no Casal das Tulhas-Chã de Alvares. Casou com Isabel
Simões.
1.2-Manuel
Henriques de Vide- Nasceu a 11 de Abril de 1751 no
lugar das Tulhas. Casou aos 42 anos com Maria Luiza Teresa de
Matos, em Celavisa, no dia 16 de Setembro de 1793.Apesar do casamento
se ter efetuado na terra dos avós da noiva esta já vivia no lugar
das Tulhas com os seus pais e seus irmãos, que já nasceram no lugar.
A decisão de efetuar o
matrimónio em Celavisa deverá estar relacionado com o facto do seu
irmão Padre António José de Matos ser Pároco naquela freguesia.
Apesar
de 11 anos de diferença entre os noivos não houve impedimento para
que fosse gerada vasta prole de filhos.
1.2.1-Manuel
Henriques de Matos
1.2.2-António
Hqs de Matos -Ramo Henriques de Matos Casa das Morgadas,Casal de Cima
1.2.3-Maria
Luiza Henriques de Matos
1.2.4-José
António Henriques de Matos-Padre
1.2.1-Manuel
Henriques de Matos- Nasceu a 3 de Agosto de 1795,no lugar de
Tulhas, Casal anexo `aldeia de Chã de Alvares. Casou com Maria José
de Matos (b:1796/f:5.2.1876),sua prima filha de Joana Rita de
Matos,de Celavisa e Manuel Baeta do lugar de Pisões,Castanheira de
Pêra.Foi o ùltimo Administrador do Município de Alvares.
1.2.1.1-António
Maria Henriques de Matos- Nasceu em 1831,batizado a 3 de Maio de
1831.Foram seus padrinhos o Reverendo José António de Matos ,que
trocou por procuração do Padre António José Matos ,pároco em
São Miguel de Poiares, e madrinha Rita Maximina de Midões.
O
Padre António José de Matos, era tio-avó de António, tendo servido
em altos cargos do Reino. Entre eles o de Procurador Régio de
Arganil.
Faleceu
Solteiro na Quinta da Carrasqueira onde vivia com a sua irmã Justina
e seu irmão Manuel.
1.2.1.2-Manuel Henriques de Matos Júnior-Batizado
a 18 de Dezembro de 1828.Foram seus Padrinhos Capitão Manuel da Mota
Tavares e Josefa Maria Gonçalves na
Quinta da Carrasqueira, e batizado a 10 de Outubro do mesmo
ano. Conforme nos conta Paulo Coutinho Rebelo no seu livro “Memórias
da Familia Henriques da Silva”,um dos últimos Mattos morreu
tragicamente.
Um
dos últimos Matos a residir na Quinta adoeceu e ter-lhe-á sido
recomendado um clister.
«A
empregada encarregada da mesinha preparou e procedeu à aplicação
que era feita ámaeira antiga com uma espécie de funil de vidro de
bojo largo ,onde se despejava a água que seria introduzida nos
intestinos do paciente.A água com adição de algumas ervas ou
gorduras saponificadas como as que se aplicavam na produção de
sabão caseiro teria de ferver para purificar e era coada em pano de
linho para o jarro que serviria para despejar no referido funil.
Mas
a pobre da criada por ignorância ou descuido não soube verificar a
temperatura.Parece que a aplicação não foi a quente mas a ferver e
o velho senhor, um dos Matos, face á dor ergueu-se do leito e numa
corrida desesperada caiu da varanda contorcendo-se de dores. Não era
necessário a queda, o escaldão já chegaria para o matar.”
Faleceu solteiro a 14 de Fevereiro de 1903.
1.2.1.3-Maria
José de Matos –
Nascida
nas Tulhas e batizada a poucos dias depois a 18 de Janeiro de 1825.
Foi apadrinhada por António Henriques de Matos e Maria Luísa. Casou
a 4 de Agosto de 1852 na Capela de São Paulo, Freguesia de Gois, com
Manuel António Pereira Dias, filho de António José Dias e Maria
Joaquina de Rio de Vide. Manuel faleceu a 19 de setembro de 1889, com
79 anos. Maria José faleceu a 23 de Julho de 1897 em Rio de Vide.
Não deixaram descendência.
Tiveram
a seu cargo a sobrinha Generosa Adelaide de Matos Tavares ,da qual
foram seus protetores, custeando os estudos no Convento de Semide
e a quem fizeram sua Herdeira universal.
Não
deixaram descendência.
1.2.1.4-Justina
José Henriques de Matos –
Nasceu
na Quinta da Carrasqueira, e foi batizada a 28 de Outubro de 1834,
faleceu em Novembro de 1915.
Casou com Daniel Baeta de Vasconcelos, a 4 de
Fevereiro de 1869 (b:1839;f:1934), filho do Tabelião Daniel Pires de
Almeida de Roda Cimeira e de D. Antónia Undemila Coltrim de
Vasconcelos, de Rego de Murta, Senhora da Quinta da Feteira, no
Concelho de Pampilhosa da Serra onde residiam.
Daniel seu marido era irmão de José Baeta de
Vasconcelos e António Baeta de Vasconcelos e do Padre Francisco
Baeta de Vasconcelos,pároco na Cidade de Coimbra. Eram não só pelo
prestigio da ambas as famílias a que pertenciam bem como pela
riqueza que detinham um dos casais mais ricos e influentes da região.
Daniel Baeta de Vasconcelos, foi escrivão e
tabeliãodo Juizo Ordináriodo Julgado da Pampilhosa da Serra,por
carta passada a 07 de Julho de 1867,e Presidente da Junta de
Freguesia de Alvares no período de 1887-1890 e que coincidiu com o
período mais conturbado da história local de Chã de Alvares com a
disputa da Capela e todo o contexto Politico que envolveu esse
processo.
O casal dividia a sua vida entre as duas
Quintas, intercalando largos periodos entre uma e outra.
Após o falecimento de Justina em Novembro de
1915, a Quinta da Carrasqueira passou para segundo plano.Daniel Baeta
de Vasconcelos só viria a morrer ,com quase 100 anos em 1934.
A Velha Quinta da Carrasqueira ficou então
durante largos anos entregue aos caseiros.A vasta propriedade já
desmenbrada pelas partilhas iniciais entre os irmãos Henriques de
Matos,ficou ainda mais débil com a divisão em dois lotes entre os
irmãos Luzitana e Ayres de Vasconcelos.Por herança e venda os seus
últimos donos foram a Familia Rebelo Arnault da Quinta das Tulhas.
1.2.1.4.1-Maria
Lusitânia Augusta de Vasconcelos -Nascida na Quinta da
Carrasqueira em 1870, batizada a 21 de Fevereiro desse mesmo ano na
Igreja Matriz de Alvares. Foram seus Padrinhos Francisco Baeta de
Vasconcelos, Pároco residente na Quinta da Feteira e Maria Henriques
de Matos, sua tia materna, residente em Rio de Vide. Casou com Antonino
César Barreto Simões Cortez, das Cortez, filho de Antonino Simões
Cortez e Maria dos Prazeres ,do lugar de Cortes. Maria Lusitana
faleceu a 4 de Abril de 1949.A sua dedicação e benemerência fez
dela uma figura muito querida na aldeia de Cortes onde lhe deram nome
de rua. Na placa a frase “Virtuosa e Esmoler Senhora”
Foram pais de:
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Placa Toponímica em Cortes- Foto de João R. Antão |
1.2.1.4.1.1-Artur
Simões Cortez- Nasceu
a 17 de Janeiro no lugar de Cortes ,e batizado a 21 de Fevereiro de
1894,na Igreja Paroquial de Alvares. Foram seus Padrinhos o avô
materno, Daniel Baeta de Vasconcelos e Avó paterna Maria dos
Prazeres. Senhor da Casa da Feteira que Herdou de seu avô manteve a Quinta da Feteira durante largos
anos, acabando por vender posteriormente a Manuel Francisco dos Reis e
sua mulher Laura Santos. Faleceu na Freguesia de Santa Cruz em
Coimbra a 3 de Agosto de 1972.
1.2.1.4.1.2-Laura
Conceição Cortez-Nasceu nas
Cortes a 2 de Outubro de 1897 e batizada a dia 21 do mesmo mês e
ano na Igreja Paroquial de Alvares, pelo Padre Joaquim Lopes da
Veiga. Foram seus Padrinhos António Maria Simões Cortez e a sua avó
materna Justina Henriques de Matos. e falecida no ano de 1970. Casou
com Francisco Rebelo Mota Arnault Júnior em 1919.
1.2.1.4.1.2.1-Maria
Cesáltina Cortez Arnault
1.2.1.4.1.2.2-Maria
de Lurdes Cortez Arnault
1.2.1.4.1.2.3-António
Carlos Cortez Rebelo Arnault
1.2.1.4.1.3-João
Carlos Barreto de Vasconcelos-Nascido a 18 de Março de
1892.Nasceu em casa dos seus pais nas Cortes.Foram seus padrinhos
João Cortez Barreto Arnault e Dona Maria da Natividade de Mello
Figueiredo Napoles,conhecida como a “Velha da Feteira”.
1.2.1.4.2-Ayres
Henriques de Matos- Nasceu a 5 de Setembro de 1871 na Quinta da
Carrasqueira. Foram seus padrinhos Manuel António Pereira Dias
casado e Generosa Adelaide de Matos,solteira, residentes em Rio de
Vide. e casou em 1907 com Albertina Simões (29.12.1880), filha de
Manuel Simões e M.da Piedade Cunha. Fixaram residência em Castelo
Viegas, freguesia do Concelho de Coimbra,de onde a noiva era oriunda.
Ayres
de Matos faleceu e 20.12 de 1951 e D. Albertina, que ainda contribuiu
para a construção da Capela de Santa Margarida, faleceu anos mais
tarde a 20.7.1971.Não deixaram descendência.
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Quinta da Carrasqueira |
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Quinta da Feteira |
1.2.1.5-Umbelina
José de Matos- Nasceu em finais de Novembro de 1826 na lugar das
Tulhas. Foi batizada a 6 de Dezembro do mesmo ano. Foi seu Padrinho o
Padre José António Henriques de Matos,tio paterno
Casou
com António Maria Mota Tavares, filho de Manuel da Mota Tavares e
Ana Cândida, (f:25.9.1854), moradores no Casal de Diogo Vaz.O casal
Umbelina e António faleceu no ano de 1859, ele a 23 de Setembro e
ela no dia seguinte,desconhecendo-se a razão do seu falecimento,não
deixando de ser curioso pela proximidade de datas,bem como pelo facto
de terem ambos pouco mais de 30 anos.
Este casal teve a:
1.2.1.5.1-Manuel
do Nascimento Mota Tavares-Nasceu a 24 de Dezembro de
1844,foi batizado em Alvares a 7 de Janeiro de 1845. Casou com Maria
Encarnação a 21 de Fevereiro de 1865,na Igreja Matriz de Alvares,
filha de Manuel Cortez e Maria Luísa Henriques de Matos. O casal
teve um nado-morto em 1866.
O
casamento pouco durou pois ainda na flor da idade Manuel morreu a 31
de Julho de 1867 com 22 anos deixando viúva Maria Encarnação
. Esta passou a habitar a abastada casa do Casal de Diogo
Vaz,construida recentemente, junto à casa dos seus pais. Nela viveu
com seu primo o Padre José Maria Henriques de Matos os últimos anos
de sua vida,a quem deixou vasta herança.
1.2.1.5.2-Maria
do Rosário- Nascida em casa de seus pais em Casal
de Diogo Vaz a 26 de Julho de 1851,e batizada na Igreja de Alvares a
20 de Agosto do mesmo ano. Foram seus padrinhos os tios Maternos.
Manuel Henriques de Matos Júnior e Maria Henriques de Matos.
Falecida a 27.7.1852
1.2.1.5.3-Maria
Generosa Matos Tavares
- Nascida a 21 de Abril de 1853, foi batizada a
28 de Abril do mesmo ano, na Igreja da Vila de Alvares. Foram seus
padrinhos o avô paterno Manuel da Mota Tavares e sua irmã Maria dos
Prazeres. Foi viver para junto dos seus tios Maria José e Manuel em
Rio de Vide que se responsabilizaram pela sua educação. Fez os seus
estudos no Convento de Semide, ali viveu até a idade adulta, quando
contraiu matrimónio com José Duarte Areosa, negociante, no dia 10
de Novembro de 1872 na Igreja Paroquial de Rio de Vide, Município de
Miranda Do Corvo. Ele natural da Freguesia de Santa Cruz , da Cidade
de Coimbra.
Sem
descendência.
1.2.1.5.4-Maria
dos Prazeres-Nascida a 8.11-1846, foram seus
padrinhos a avó materna Ana Cândida, e o Padre José António
Henriques de Matos, das Tulhas. Falecida em 3.11.1856.
1.2.1.5.5-João
Maria Mota Tavares-
Nascido no Casal de Diogo Vaz a 9 de Abril de 1849,é batizado a 16
do mesmo mês na Igreja de Alvares. Faleceu a 09 de Fevereiro de
1933.Casou com Maria de Jesus (21/09/1857 filha
de Manuel Mota (da Aldeia Fundeira) e Maria de Jesus (da aldeia de
Carvalho), casaram no Machio no dia 29 de Abril de 1875, na Igreja
Paroquial de São Miguel do Machio de Cima. Tinha ela 18 anos. Ela era
Irmã de Firmino Mota Arnaldo, Presidente Da Câmara Municipal de
Pampilhosa da Serra (Bt:12/03/1865).
Foi
este o casal que junto á antiga casa de família construiu um imenso
casarão que ainda hoje existe.
Segue no Ramo Henrique de Matos das Tulhas e Casal de Diogo Vaz
1.2.2-
António Henriques de Matos-Nascido nas Tulhas a 21 de Dezembro
de 1797. Foi batizado a 28 de Dezembro de 1797.Monteiro-Mor no
Município de Alvares por Carta de 27-08-1824.
Foram
seus Padrinhos o Reverendo António José de Matos e a sua avó Maria
Luiza Teresa de Matos. Abastado proprietário em Chã de
Alvares-
Segue no Ramo da Casa das Morgadas- Casal de Cima
1.2.3-Maria
Luiza Henriques de Matos-Nasceu
nas Tulhas e foi batizada a 24 de Abril de 1800 na Igreja
Matriz da Vila. Foi sua madrinha Luiza Teresa de Matos sua avó
materna de Celavisa.
Casou
com Manuel Cortez Barreto,
filho de Bernardo José Cortez e Joaquina da Encarnação de Roda
Fundeira, nascido em Março de 1800 e batizado a 4 de Abril do
mesmo ano. Casaram na Capela de Santa Margarida a 13-07-1834 .
Faleceu
nas Tulhas a 16 de Fevereiro de 1847.Tiveram prole:
1.2.3.1-Maria
da Encarnação Henriques de Matos
1.2.3.2-Abílio
Henriques Cortez
Segue no Ramo Henrique de Matos das Tulhas e Casal de Diogo Vaz
1.2.4-
José António Henriques de Matos-Padre .Batizado a três de
Novembro de 1803, pelo Pároco de Celavisa, Teotónio Luís da
Costa, poucos dias depois de nascer nas Tulhas. Foram seus padrinhos
António Rebelo da Mota das Tulhas e sua esposa .Foi Ordenado Padre
em 1825 e Coadjutor da Freguesia de Alvares em 1839.Foi ainda Capelão
do Regimento de Milícias de Arganil.Faleceu em sua casa,no lugar das
Tulhas a 25 de Novembro de 1877.
Quinta da Carrasqueira |
Fontes:
Registos Paroquiais
Raízes & Memórias nº34
Memórias e Raízes da Família Henriques da Silva
António Lopes de Vide, do Covão e Ângela Tavares da Mota, do Casal de Diogo Vaz, eram meus antepassados directos de 7ª geração, soube há pouco tempo através de uma plataforma de genealogia.
ResponderEliminarHá nomes e locais que me lembro de a minha avó falar e adorei ler a história. Muito obrigada.