Os fogos, violentos e destruidores assolam de
forma cíclica a freguesia de Alvares, sendo a povoação de Chã de Alvares uma das
mais fustigadas.
O primeiro grande incendio ,e que todos ainda recordam como o
Grande Incendio de 1970, decorreu nesse ano já tão longínquo ,durante os dias 5
e 6 de Setembro.
Deflagrou nas proximidades da Coelhosa e Foz
de Alvares, e tomou grandes proporções em pouco tempo alastrando em várias
frentes de fogo, destruindo tudo no seu caminho. Assim que foi dado o alarme ,as
Juntas de Portela do Fojo, Alvares e Pessegueiro pediram de imediato auxilio ás
Camaras Municipais e a várias Corporações de Bombeiros aos quais se juntaram
os populares. No entanto dadas as dimensões do incendio rápido de depararam com
a insuficiência de meios, face ás gigantescas proporções do fogo.
O ambiente foi de terror e medo. Ficaram
reduzidas a cinzas ,olivais e várias casas de apoio ás
hortas. No lugar do Indioso arderam duas casas, uma de habitação e outra de
arrecadação. Igualmente em cinzas ficaram os terrenos circundantes a
Amoreira, Vale da Gata, e á povoação de Soutelinho que ficou destruida ,acabando assim uma
povoação que era das mais antigas da região.
Do lado direito do Rio Unhais, o cenário não
foi melhor.Foz de Alvares, Lameirinhos, Carrasqueira, Fonte
Limpa, Telhada , Pessegueiro, Carvoeiro e Ramalheira, tudo ficou reduzido a
cinzas, apenas ficando as casas de habitação .Todo o pinhal ficou reduzido a
quase nada, perdendo-se mais de 200 mil sangrias.
Por outro lado, junto a Amioso do Senhor, no
dia 4 de Setembro deflagrou uma outra frente que queimou os pinhais e culturas
das gentes Dos Amiosos, Mega e Alvares.
No meio dessas frentes de fogo o aglomerado
chãsense ficou reduzido a cinzas.Nesse infernal braseiro arderam 21 casas de
arrecadação ,algumas compostas de lojas e primeiro andar e todas elas com
valores,proprios da época.
Cinquenta e uma colmeia foi o estrago
provocado aos Sr Alberto Alves Ferreira,Manuel Alves Ferreira,José
Nogueira,Manuel Garcia,Manuel Roda,José Alves,Joaquim Pedro,João Pedro
Aleixo,José Maria Antão,Lusitana de Jesus Braçal,Manuel das Neves,Serafim
Romão,Manuel Hipolito,José Francisco,Manuel Henriques de Almeida e Américo Alves Seabra.
As duas fabricas de resina existentes
cancelaram a Campanha Resineira
perdendo-se mais de 250 mil quilos de gema,no valor aproximado de dois mil
contos á época.
Foram poucos os
anos de sossego para as gentes locais esquecerem o traumatico episódio .
Em Agosto de 1979
,outro Incendio de grandes proporções se aproximou da povoação ficando pela
Ribeira da Lomba Torta onde foi travado antes de entrar nas povoações de Casal
de Cima e Casal de Baixo.Novamente ficou em cinzas as margens do Ribeiro da
Lomba Torta entre o Moinho do Vento e o Rio Unhais.
Poucos anos depois
já na década de 80 todo o pinhal entre o Lagar e o Vale Curral voltou a ser
fustigado pelas impiedosas labaredas.
Em Setembro de
1985 novamente um incendio com várias frentes atingiu a povoação,ficando
novamente com o pinhal reduzido a cinzas.Desta feita a frente de fogo irrompeu
em Alvares e numa furia incontida varreu todo o Ribeiro Caniçal,Vale das
Sobreiras,Vale da Nogueira e Relva da Mó.
Menos de um ano
depois em Julho de 86 e tendo inicio nos Amieiros ,novamente o fogo chega ás
proximidades do Casal de Cima.Dessa feita foram mais fustigadas a povoações de
Simantorta,Cabeçadas e Rodas Cimeira e Fundeira.
Cinco anos depois
,e depois de dias seguidos de tentativas falhadas eis que junto á Carrasqueira
irrompe uma frente de fogo que em poucas horas reduz a cinzas toda a zona
circundante da povoação chegando a introduzir-se nos quintais das casas do
Casal de Baixo,o lugar mais fustigado. Apenas ficaram as casas,tudo o resto
enegrecido.,sem água nos canos,e sem bombeiros que ficaram impedidos de entrar
na povoação cercada por labaredas descontroladas,os populares munidos das suas
mangueiras caseiras, da bica de água, e de alguns furos conseguiram salvar as
casas,mesmo as dos familiares ausentes em Lisboa.
O ultimo grande
susto ocorreu no ano 2000.Com menos populares a ajudar o combate e com os
terrenos em maior estado de abandono,foi dificil de controlar as chamas que
atingiram a povoação já durante a noite.Três casas ficaram reduzidas a cinzas
no Casal de Cima,o mais fustigado pelo incendio,e ainda uma outra no lugar de
Fonte Limpa e parte da antiga escola de Roda Fundeira.
Mais de trezentos
bombeiros combateram as chamas ,tendo estado envolvidos ,sete aviões(cinco
ligeiros e 3 auto tanques,80 viaturas,4 Helicopteros e 55 Cooperações de
Bombeiros.
O poder das Chamas
levou á evacuação das populações de Fonte Limpa,Foz de Alvares e Roda Fundeira.
Na origem da tragédia esteve um foguete nas
Festividades em honra da Padroeira da aldeia de Simantorta.O vento forte e o
vasto terreno repleto de mato ajudou a que mais de 4000 hectares ficassem
reduzido a cinzas.
Boa noite,
ResponderEliminarFoi um acaso a maneira como descobri o seu blog, sobre a aldeia da minha mãe e, onde passei parte da minha infância. Ainda tenho familiares no Casal de Cima, de onde sou descendente.Vivem lá os meus tios, em que a minha tia é uma das irmãs mais velhas da minha falecida mãe. Tia Encarnação, mesmo em frente de onde era a casa/mercearia do Ti António da Fonte. Sou sobrinha-neta do alfaiate do Casal de Cima, que tinha também o telefone publico do lugar. Ele já falecido há cerca de 20 anos, a minha tia-avó Alda (esposa) faleceu em Agosto de 2015, se não me engano. Adorei ver as fotos de lugares onde brinquei e ler a História da nossa Aldeia, que desconhecia.
Espero que continue com o seu projecto, pois de certo serei uma visitante assídua. Um bem haja. Cumprimentos Cristina Roda Franco
triste e infelizmente, a história continua...
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