domingo, 23 de abril de 2017

Os incendios






Os fogos, violentos e destruidores assolam de forma cíclica a freguesia de Alvares, sendo a povoação de Chã de Alvares uma das mais fustigadas.

O primeiro grande  incendio ,e que todos ainda recordam como o Grande Incendio de 1970, decorreu nesse ano já tão longínquo ,durante os dias 5 e 6 de Setembro.

Deflagrou nas proximidades da Coelhosa e Foz de Alvares, e tomou grandes proporções em pouco tempo alastrando em várias frentes de fogo, destruindo tudo no seu caminho. Assim que foi dado o alarme ,as Juntas de Portela do Fojo, Alvares e Pessegueiro pediram de imediato auxilio ás Camaras Municipais e a várias Corporações de Bombeiros aos quais se juntaram os populares. No entanto dadas as dimensões do incendio rápido de depararam com a insuficiência de meios, face ás gigantescas proporções do fogo.

O ambiente foi de terror e medo. Ficaram reduzidas a cinzas ,olivais e várias casas de apoio ás hortas. No lugar do Indioso arderam duas casas, uma de habitação e outra de arrecadação. Igualmente em cinzas ficaram os terrenos circundantes a Amoreira, Vale da Gata, e á povoação de Soutelinho  que ficou destruida ,acabando assim uma povoação que era das mais antigas da região.

Do lado direito do Rio Unhais, o cenário não foi melhor.Foz de Alvares, Lameirinhos, Carrasqueira, Fonte Limpa, Telhada , Pessegueiro, Carvoeiro  e Ramalheira, tudo ficou reduzido a cinzas, apenas ficando as casas de habitação .Todo o pinhal ficou reduzido a quase nada, perdendo-se mais de 200 mil sangrias.

Por outro lado, junto a Amioso do Senhor, no dia 4 de Setembro deflagrou uma outra frente que queimou os pinhais e culturas das gentes Dos Amiosos, Mega  e Alvares.

No meio dessas frentes de fogo o aglomerado chãsense ficou reduzido a cinzas.Nesse infernal braseiro arderam 21 casas de arrecadação ,algumas compostas de lojas e primeiro andar e todas elas com valores,proprios da época.

Cinquenta e uma colmeia foi o estrago provocado aos Sr Alberto Alves Ferreira,Manuel Alves Ferreira,José Nogueira,Manuel Garcia,Manuel Roda,José Alves,Joaquim Pedro,João Pedro Aleixo,José Maria Antão,Lusitana de Jesus Braçal,Manuel das Neves,Serafim Romão,Manuel Hipolito,José Francisco,Manuel Henriques de Almeida  e Américo Alves Seabra.

As duas fabricas de resina existentes cancelaram a Campanha  Resineira perdendo-se mais de 250 mil quilos de gema,no valor aproximado de dois mil contos á época.

Foram poucos os anos de sossego para as gentes locais esquecerem o traumatico episódio .

Em Agosto de 1979 ,outro Incendio de grandes proporções se aproximou da povoação ficando pela Ribeira da Lomba Torta onde foi travado antes de entrar nas povoações de Casal de Cima e Casal de Baixo.Novamente ficou em cinzas as margens do Ribeiro da Lomba Torta entre o Moinho do Vento e o Rio Unhais.

Poucos anos depois já na década de 80 todo o pinhal entre o Lagar e o Vale Curral voltou a ser fustigado pelas impiedosas labaredas.

Em Setembro de 1985 novamente um incendio com várias frentes atingiu a povoação,ficando novamente com o pinhal reduzido a cinzas.Desta feita a frente de fogo irrompeu em Alvares e numa furia incontida varreu todo o Ribeiro Caniçal,Vale das Sobreiras,Vale da Nogueira e Relva da Mó.

Menos de um ano depois em Julho de 86 e tendo inicio nos Amieiros ,novamente o fogo chega ás proximidades do Casal de Cima.Dessa feita foram mais fustigadas a povoações de Simantorta,Cabeçadas e Rodas Cimeira e Fundeira.

Cinco anos depois ,e depois de dias seguidos de tentativas falhadas eis que junto á Carrasqueira irrompe uma frente de fogo que em poucas horas reduz a cinzas toda a zona circundante da povoação chegando a introduzir-se nos quintais das casas do Casal de Baixo,o lugar mais fustigado. Apenas ficaram as casas,tudo o resto enegrecido.,sem água nos canos,e sem bombeiros que ficaram impedidos de entrar na povoação cercada por labaredas descontroladas,os populares munidos das suas mangueiras caseiras, da bica de água, e de alguns furos conseguiram salvar as casas,mesmo as dos familiares ausentes em Lisboa.

O ultimo grande susto ocorreu no ano 2000.Com menos populares a ajudar o combate e com os terrenos em maior estado de abandono,foi dificil de controlar as chamas que atingiram a povoação já durante a noite.Três casas ficaram reduzidas a cinzas no Casal de Cima,o mais fustigado pelo incendio,e ainda uma outra no lugar de Fonte Limpa e parte da antiga escola de Roda Fundeira.

Mais de trezentos bombeiros combateram as chamas ,tendo estado envolvidos ,sete aviões(cinco ligeiros e 3 auto tanques,80 viaturas,4 Helicopteros e 55 Cooperações de Bombeiros.

O poder das Chamas levou á evacuação das populações de Fonte Limpa,Foz de Alvares e Roda Fundeira.

Na origem da tragédia esteve um foguete nas Festividades em honra da Padroeira da aldeia de Simantorta.O vento forte e o vasto terreno repleto de mato ajudou a que mais de 4000 hectares ficassem reduzido a cinzas.