A poucos quilómetros de Chã de Alvares,
a meio caminho pela serra entre esta povoação e o Amiosinho, podemos encontrar
um conjunto de casas, hoje em dia desabitadas e envoltas em mato e árvores, num
cenário desolador igual a muitos casos na região.
Contudo esse pequeno lugar denominado Quinta
do Gavião, já foi lar de uma família que ali assentou arraiais no final do século XIX e durante vários anos(até década de setenta)
ali habitou. O primeiro registo de nascimento data de 1898.A 20 de Outubro de 1898 pelas três horas da manhã, tendo por parteira, a lua, berço as carquejas, e cobertor as estrelas, nascia uma criança do sexo feminino, que seria batizada no dia 27 do mesmo mês na Igreja Matriz de Alvares com o nome de Maria Adelaide.
Seus pais eram Luís Caetano e Maria Da Encarnação que viviam na Carrasqueira e seus avós maternos Joaquim Alves e Ana Barata residentes no mesmo lugar..
Luís, era mais um filho da miséria muito comum naqueles tempos, filho de pai incógnito e de Maria Caetana ,residente no lugar da Carrasqueira,ainda novo procurou um novo destino longe dos horizontes de pobreza que aqui vislumbrava.Pela região corria já a noticia do sucesso dos portugueses em terras de Vera Cruz.Dois exemplos próximos eram de Antonio Henriques Filippe do Caniçal e de Caetano Ferreira Fontes de Santa Margarida,famosos pela riqueza rapidamente acumulada.
Tentado a conseguir também ele fortuna partiu para o Brasil,que acolhia contingentes de milhares de emigrantes portugueses para alimentar a cultura do café em São Paulo,e da Borracha no Estado do Pará.
Não se sabe que cidade brasileira acolheu o jovem, o que se sabe é que na mesma época em que partiu rumo a terras de Vera Cruz nascia Maria da Encarnação. No momento da partida terá dito:
" Vou partir para o Brasil, mas esta menina que hoje nasceu, haverá de ser a minha mulher, quando eu voltar."
E assim foi,já perto dos quarenta anos Luís voltou do Brasil , ainda a tempo de desposar Maria da Encarnação.
Os anos naquele país da América Latina renderam – lhe fortuna suficiente para comprar então um bom lote de terrenos, no regresso a Portugal e ai começar a construir fazendas, e a plantar Oliveiras. Durante largos anos fizeram diariamente o caminho entre a Carrasqueira e os seus terrenos…nascia assim o Gavião. O primeiro filho do casal terá nascido ainda na Carrasqueira. Como habitual terá sido batizado poucos dias depois do seu nascimento na Igreja Matriz de Alvares, com o nome de António. Com poucos anos de idade já o pequeno calcorreava junto aos seus progenitores o longo trajeto da Carrasqueira ás fazendas no Gavião.
Um dia Maria da Encarnação novamente grávida e já a chegar ao fim do tempo, não teve forças para fazer o caminho. Decidiram então, cortar um molho de carqueja, para lhes servir de colchão. E aí passaram a dormir diariamente, ao mesmo tempo, que iam arranjando umas pedras, colocando umas em cima das outras, construindo uma pequena barraca como casa primitiva. Aí nasceu a segunda filha do casal, Maria Adelaide.Com sangue suor e lagrimas, mas também muito amor foram construindo aos poucos o seu lar no Gavião onde nasceram ainda mais 3 rapazes, o Manuel, o Joaquim e o Carlos, que seguiram as pisadas do seu avô Joaquim Alves, tendo aprendido o ofício de Alfaiate.
Sem comentários:
Enviar um comentário