O índice de mortalidade foi tal que em Portugal, houve concelhos em que em 1917-1918 o número de falecimentos foi brutalmente superior ao de nascimentos. No final da década ,nos censos de 1920,seria inclusive registado o decréscimo de população face a 1910.Parte dessa quebra demográfica esteve ligada ,á mortandade provocada não só pela emigração , mas também pela Gripe Pneumonica.
Como é natural, também a Chã de Alvares foi atingida por essa epidemia, que matou um largo número de pessoas deixando muitas famílias desfeitas.
O concelho de Góis chegou inclusive a tomar medidas de combate á epidemia, construindo uma enfermaria provisória com apoio da Misericórdia anexa á Escola de Góis, e pedindo auxílio para que fossem enviados farmacêuticos e médicos para o concelho visto que o próprio Medico local Dr. Mário, adoeceu. Foram proibidas as estrumeiras que em muitas aldeias cobriam as ruas, sendo que as existentes foram retiradas no prazo de 5 dias.
Mais de uma dezena de pessoas morreram na nossa aldeia. Alguns casos bem demonstrativos da calamidade que se abateu sobre o mundo em geral e igualmente em Chã de Alvares.Contam os mais idosos que os coveiros não tinham mão a medir,sendo varias as mortes diariamente.
No Casal de Baixo morreram com diferença de dias Ana Prazeres, casada com Manuel Duarte e os seus filhos Artur e Libania de 24 e 17 anos respectivamente.
No Casal de Cima faleceriam também Alzira Jesus, de 6 meses, Manuel Antunes de 2 anos e Albertina de Jesus de 4 anos, todos filhos do casal Manuel Antunes e Maria de Jesus.
A 15 de Novembro de 1919, morre vítima da gripe às 2 horas da manhã, na sua casa José Maria Lopes Froes, casado com Emília Cortez. Tinha 40 anos. Às 10 horas do mesmo dia morre a sua filha de 6 meses
José estava recentemente casado com Emília Cortez,e eram ambos de famílias abastadas de Tulhas e Santa Margarida. Ela filha do abastado proprietário das Tulhas, Manuel Pedro Lopes Cortes e de Adelaide Baeta Cortes, tinha mais 9 irmãos.E ele de Manuel Lopes Frois.. Viviam numa casa, no centro do Casal de Cima, que fora de Francisco Lopes Ladeira e da esposa D. Emília Barata Lima casados em 1876
Faleceria ainda o jovem João Vítor de 23 anos, filho de António Maria Vítor e Maria das Dores, que fugiu á guerra, tendo desertado, e acabou assim por falecer vítima das consequências da mesma, visto que o fim da mesma e o regresso dos soldados os casa foi um dos factores que ajudou á propagação da doença.
Outras vítimas:
Manuel Barata Rosa-o filho de José M. Rosa e Encarnação Barata
Casimiro Neves, casado com Joaquina Maria
Vitelvina de Jesus, 37 anos casada com António Pedro
Serafim Hipólito de 75 anos , filho de Josefa Gonçalves e João Hipólito
Maria Encarnação, 15 anos filha de Francisco Paula e Maria Joana
Beatriz Maria de 70anos,viúva de Joaquim Lopes
Adriano Domingos, de 3 anos, filho de Joaquim António e Adelaide Maria
Maria de Jesus, de 3 anos, filha de Lusitânia de Jesus
De modo a acudir as vítimas foi doado 20 escudos por Artur Cortez e distribuída á seguinte lista:
Casal de Baixo: Maria Emília do Chico, M. Joana, M. Rosário, Justina Maria, S. Margarida: Maria Barata Lima
CASAL DE CIMA: Adelino Luz, Maria do Carmo, Emília Carvalho, Maria Júlia, M. Carmo, viúva de Justino Rafael, Emília do Ricardo e Ludovina Maria
Não é possivel de forma concreta dizer o numero de vitimas na Freguesia,contudo pelos relatos na Imprensa Regional da época ,Alvares e Cortes foram das povoações mais atingidas pela Gripe,que só por volta de 1920,foi dada como controlada.
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A gripe Espanhola,causou mais vitimas que a 1ª Grande Guera |
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