Em 1855,pela
Lei de 24 de Outubro ,o concelho de Alvares seria definitivamente
extinto. A freguesia de Alvares,seria agregada ao Concelho de Góis e
a freguesia de Portela do Fojo ao da Pampilhosa da Serra..
Os últimos
vereadores da sua Câmara Municipal,Joaquim Baeta de
Almeida,presidente,Manuel Lopes Cortez,João Gaspar das Neves Pinto e
Manuel das Neves Gusmão,vogais,não deixariam de lavrar o seu
protesto,na Acta da sessão de 29 de Novembro daquele ano:”O
Presidente abriu e leu um Oficio da 2º Repartição do Governo
Civil,com data de 24 corrente,o qual dá parte que tendo este
concelho sido suprimido por carta de Lei de 24 do Corrente,passando
esta freguesia para Góis e a de Portela do Fojo para a Pampilhosa da
Serra,faça esta Câmara entrega por inventario á Pampilhosa da
Serra de todos os livros e papeis pertencentes ao Arquivo. A Câmara
ficou ciente e declarou que este concelho devia fazer sentir ao
Governo de Sua Majestade a injustiça que se lhe havia feito,pedindo
a sua reintegração”
Extinto o
Município Alvarense , a elite local conseguiu por algum tempo manter
peso importante na Administração Municipal de Góis ,com alguns
naturais a assumirem a presidência da Câmara Municipal:João Simões
Cortez e Augusto César Cortez,ambos do lugar de Cortes e Joaquim
Rebelo Arnault de Chã de Alvares.
Contudo a
pobreza generalizada do concelho de Góis com poucos fundos
próprios,e com o país mergulhado numa profunda crise económica e
instabilidade política levou a que a freguesia de Alvares ficasse
mergulhada na estagnação e isolamento,que se agravou com a
posterior praga dos Castanheiros,base da economia e alimentação
local.
Em 1897 José
Afonso Baeta das Neves descrevia assim a freguesia:
“
A
Freguesia de Alvares,com uma população de 3785 habitantes e 855
fogos espalha-se por uma superfície bastante extensa e irregular,sem
todavia apresentar as grandes diferenças de nivel que se notam
noutras freguesias da serra. As maiores elevações ,como
Trevim,Pedras do Lumiar e Entre capelos,estendem para esta região os
seus contrafortes mas em pendor relativamente suave.Devido a esta
circunstancia ,os vales de erosão são pouco profundos,em geral,de
modo que a agricultura pode aproveita-los não só para a formação
de pequenos prados,mas também para a cultura da vinha,em resultado
bastante remunerador. Ainda assim a agricultura é muito menos
extensa do que exige a densidade da população. Para corrigir o
Deficit de recursos alimentícios,efectua-se aqui a emigração
periódica e anual de grandes levas de trabalhadores paras as mondas
e apanha de azeitona no Ribatejo, e ceifas em Espanha,o que ,com
sobriedade e economia dos habitantes desta freguesia permite atenuar
a escassez de solo.
A população
fixa,além da agricultura,entrega-se à fiação e tecelagem manuais
de um tecido em lã,chamado burel. A lã provém da província de
Trás os Montes e o seu fio é áspero e longo. Hoje até esta
Industria se encontra em decadência,porque o consumo de burel
diminuiu consideravelmente e porque tendo se estabelecido em Alvares
uma fabrica de fiação,por iniciativa de Manuel Barata Lima e
outros,a fiação e cardação de lã fazem-se mecanicamente.
Alvares tem
estação postal,escolas de primeiras letras para ambos os sexos e
ainda uma mista,há pouco criada.( Escola Mista de Chã de Alvares).
De vias de
comunicação tem apenas um começo de estrada Municipal a
macadame,sem probabilidade de se vir a concluir”
Segundo os
dados relativos ao primeiro Censo Populacional em 1864,a população
da freguesia de Alvares era nessa data de 3136 habitantes. Vinte e
seis anos depois em 1890 ,o total contabilizado foi de 3725,e era a
freguesia com maior taxa de crescimento populacional,e mais populosa
do Concelho de Góis, que viria a sua população decrescer nos
últimos anos da década devido á mortalidade provocada pela
Epidemia da Cólera que matou centenas de pessoas .
Segundo a
Corografia Histórico-Estatistica do Distrito de Coimbra de 1896,de
Agostinho de Andrade a freguesia era constituida pelas seguintes
povoações:
Algares,
Alvares, Amieiros, Amiosinho, Amioso Cimeiro, Amioso do Senhor,
Amioso Fundeiro, Azanha, Barroca da Vale da Giesta, Bouça, Cabeço,
Cabeço de Varzina, Caniçal, Carrasqueira, Casal de Baixo, Casal de
Cima, Casal de Diogo Vaz, Casal dos Matos, Casalinho, Casal Novo,
Coelhosa, Cilha-Velha, Corga do Boi, Cortes, Cova do Moinho, Covão,
Crespa da Serra, Cunhal d’aquem, Estevianas, Extendedouro da
Varzina, Favacal, Fontanheira, Fonte Limpa, Foz, Foz do Casal, Foz do
Machio, Foz das Estevianas, Ladeira , Lomba, Mega de Nossa Senhora,
Mega de São Domingos, Mega Fundeira, Milreu, Muro, Obrais, Pisão,
Portela do Torgal, Portela da Candeia, Porto da Laje, Porto das
Estevianas, Quinta da Bouxina, Quinta da Carrasqueira, Quinta Da
Corga do Salgueiro ,Quinta da Costa da Ribeira da Varzina, Quinta da
Fonte dos Sapos, Quinta da Foz do Moinho Velho, Quinta da Lousa,
Quinta da Portela da Telhada, Quinta da Ribeira dos Amieiros, Quinta
da Tapada, Quinta das Cabeçadas, Quinta do Barroquinho , Quinta do
Cabeceiro, Quinta do Camelinho, Quinta de Luiz André, Quinta do
Carregal, Quinta do Plome, Quinta do Ceboleiro, Quinta do Porto da
Telhada, Quinta do Porto da Pedra, Quinta do Seixo, Quinta do Vale da
Palha, Quinta do Vale das Eiras, Quinta do Vale da Fonte, Quinta do
Vale de Enxames, Quinta do Vale do Ervideiro, Quinta do Vale do Gato,
Quinta dos Cabeceirinhos, Quinta dos Lameirinhos, Quinta dos
Sapateiros, Redinha, Relva da Mó, Roda Cimeira, Roda Fundeira,
Ribeira de Mega, Santa Margarida, Seladinho, Seladinho de Mega de
Nossa Senhora, Simantorta, Telhada, Tulhas, Vale Casal, Vale das
Cerejeirinhas e Vale das Fontes, Vale da Armunha, Vale dos Cortiços
e Varzina.
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