sábado, 18 de abril de 2020

Lameirinhos


Situada a pouco mais de 2 km de Chã de Alvares, está atualmente oculta num vasto Eucaliptal. Ali terão vivido duas a três famílias tendo duas das edificações inscritas nas pedras as datas de 1894 e 1911.O seu fundador terá sido Abílio Antunes que ali viveu. Era na altura um dos melhores pedreiros da freguesia, sendo esse a sua principal fonte de rendimento. A ele foi encomendado por Manuel Barata Lima a construção da Fabrica de Burel em Alvares e igualmente da sua grandiosa Chaminé que é símbolo da Vila de Alvares. Terá sido o fruto dessa empreitada uma grande ajuda para ali junto a Carrasqueira fundar a Quinta dos Lameirinhos. A sua denominação deverá ser justificada pela grande quantidade de lameiros ali existentes. Ali viveram duas famílias. Entre os casais com registo em Lameirinhos encontramos: António Antunes Rosa e Susana Emília dos Prazeres.
A esta Quinta está ligada uma velha história que tem passado de boca em boca ao longo dos anos...O homem que levou o caixão ás costas....Certo dia pelas ruas da Chã a caminho dos Lameirinhos .lá passou carregado com um caixão de madeira o Senhor Abílio,já pressentindo o crepúsculo da sua vida terrena. Como a Morte não o veio buscar entretanto ,anos depois meteu-se em casa dentro do caixão fechado no seu quarto com duas cordas (para carregar o caixão) e algum dinheiro junto (para pagar ao coveiro),ateou a braseira e assim morreu.


O Fim do Municipio de Alvares

Em 1855,pela Lei de 24 de Outubro ,o concelho de Alvares seria definitivamente extinto. A freguesia de Alvares,seria agregada ao Concelho de Góis e a freguesia de Portela do Fojo ao da Pampilhosa da Serra..
Os últimos vereadores da sua Câmara Municipal,Joaquim Baeta de Almeida,presidente,Manuel Lopes Cortez,João Gaspar das Neves Pinto e Manuel das Neves Gusmão,vogais,não deixariam de lavrar o seu protesto,na Acta da sessão de 29 de Novembro daquele ano:”O Presidente abriu e leu um Oficio da 2º Repartição do Governo Civil,com data de 24 corrente,o qual dá parte que tendo este concelho sido suprimido por carta de Lei de 24 do Corrente,passando esta freguesia para Góis e a de Portela do Fojo para a Pampilhosa da Serra,faça esta Câmara entrega por inventario á Pampilhosa da Serra de todos os livros e papeis pertencentes ao Arquivo. A Câmara ficou ciente e declarou que este concelho devia fazer sentir ao Governo de Sua Majestade a injustiça que se lhe havia feito,pedindo a sua reintegração

Extinto o Município Alvarense , a elite local conseguiu por algum tempo manter peso importante na Administração Municipal de Góis ,com alguns naturais a assumirem a presidência da Câmara Municipal:João Simões Cortez e Augusto César Cortez,ambos do lugar de Cortes e Joaquim Rebelo Arnault de Chã de Alvares.
Contudo a pobreza generalizada do concelho de Góis com poucos fundos próprios,e com o país mergulhado numa profunda crise económica e instabilidade política levou a que a freguesia de Alvares ficasse mergulhada na estagnação e isolamento,que se agravou com a posterior praga dos Castanheiros,base da economia e alimentação local.
Em 1897 José Afonso Baeta das Neves descrevia assim a freguesia:
A Freguesia de Alvares,com uma população de 3785 habitantes e 855 fogos espalha-se por uma superfície bastante extensa e irregular,sem todavia apresentar as grandes diferenças de nivel que se notam noutras freguesias da serra. As maiores elevações ,como Trevim,Pedras do Lumiar e Entre capelos,estendem para esta região os seus contrafortes mas em pendor relativamente suave.Devido a esta circunstancia ,os vales de erosão são pouco profundos,em geral,de modo que a agricultura pode aproveita-los não só para a formação de pequenos prados,mas também para a cultura da vinha,em resultado bastante remunerador. Ainda assim a agricultura é muito menos extensa do que exige a densidade da população. Para corrigir o Deficit de recursos alimentícios,efectua-se aqui a emigração periódica e anual de grandes levas de trabalhadores paras as mondas e apanha de azeitona no Ribatejo, e ceifas em Espanha,o que ,com sobriedade e economia dos habitantes desta freguesia permite atenuar a escassez de solo.
A população fixa,além da agricultura,entrega-se à fiação e tecelagem manuais de um tecido em lã,chamado burel. A lã provém da província de Trás os Montes e o seu fio é áspero e longo. Hoje até esta Industria se encontra em decadência,porque o consumo de burel diminuiu consideravelmente e porque tendo se estabelecido em Alvares uma fabrica de fiação,por iniciativa de Manuel Barata Lima e outros,a fiação e cardação de lã fazem-se mecanicamente.
Alvares tem estação postal,escolas de primeiras letras para ambos os sexos e ainda uma mista,há pouco criada.( Escola Mista de Chã de Alvares).
De vias de comunicação tem apenas um começo de estrada Municipal a macadame,sem probabilidade de se vir a concluir
Segundo os dados relativos ao primeiro Censo Populacional em 1864,a população da freguesia de Alvares era nessa data de 3136 habitantes. Vinte e seis anos depois em 1890 ,o total contabilizado foi de 3725,e era a freguesia com maior taxa de crescimento populacional,e mais populosa do Concelho de Góis, que viria a sua população decrescer nos últimos anos da década devido á mortalidade provocada pela Epidemia da Cólera que matou centenas de pessoas .
Segundo a Corografia Histórico-Estatistica do Distrito de Coimbra de 1896,de Agostinho de Andrade a freguesia era constituida pelas seguintes povoações:
Algares, Alvares, Amieiros, Amiosinho, Amioso Cimeiro, Amioso do Senhor, Amioso Fundeiro, Azanha, Barroca da Vale da Giesta, Bouça, Cabeço, Cabeço de Varzina, Caniçal, Carrasqueira, Casal de Baixo, Casal de Cima, Casal de Diogo Vaz, Casal dos Matos, Casalinho, Casal Novo, Coelhosa, Cilha-Velha, Corga do Boi, Cortes, Cova do Moinho, Covão, Crespa da Serra, Cunhal d’aquem, Estevianas, Extendedouro da Varzina, Favacal, Fontanheira, Fonte Limpa, Foz, Foz do Casal, Foz do Machio, Foz das Estevianas, Ladeira , Lomba, Mega de Nossa Senhora, Mega de São Domingos, Mega Fundeira, Milreu, Muro, Obrais, Pisão, Portela do Torgal, Portela da Candeia, Porto da Laje, Porto das Estevianas, Quinta da Bouxina, Quinta da Carrasqueira, Quinta Da Corga do Salgueiro ,Quinta da Costa da Ribeira da Varzina, Quinta da Fonte dos Sapos, Quinta da Foz do Moinho Velho, Quinta da Lousa, Quinta da Portela da Telhada, Quinta da Ribeira dos Amieiros, Quinta da Tapada, Quinta das Cabeçadas, Quinta do Barroquinho , Quinta do Cabeceiro, Quinta do Camelinho, Quinta de Luiz André, Quinta do Carregal, Quinta do Plome, Quinta do Ceboleiro, Quinta do Porto da Telhada, Quinta do Porto da Pedra, Quinta do Seixo, Quinta do Vale da Palha, Quinta do Vale das Eiras, Quinta do Vale da Fonte, Quinta do Vale de Enxames, Quinta do Vale do Ervideiro, Quinta do Vale do Gato, Quinta dos Cabeceirinhos, Quinta dos Lameirinhos, Quinta dos Sapateiros, Redinha, Relva da Mó, Roda Cimeira, Roda Fundeira, Ribeira de Mega, Santa Margarida, Seladinho, Seladinho de Mega de Nossa Senhora, Simantorta, Telhada, Tulhas, Vale Casal, Vale das Cerejeirinhas e Vale das Fontes, Vale da Armunha, Vale dos Cortiços e Varzina.