Chã de Alvares
A alma e as gentes
terça-feira, 9 de julho de 2024
quinta-feira, 8 de junho de 2023
Chã de Alvares- Os nossos heróis de Quionga
“As páginas que se seguem
contam a história de uma guerra de que ninguém fala. Não se comemora, não enche
páginas de jornais e, salvo raras, mas boas, exceções, é tratada em meia dúzia
de linhas nos livros de História.” Foi assim que o escritor e Jornalista
Ricardo Marques inicia o seu livro “Os Fantasmas do Rovuma”
A
conquista do Rovuma, é um dos episódios menos conhecidos da História de Portugal,
apesar de ter acontecido num passado não muito distante.
Não só
em território europeu decorreram conflitos militares durante o período da
Primeira Grande Guerra. Os soldados portugueses partiram não só para Brest, mas
igualmente para as províncias Ultramarinas de Angola e Moçambique com a
necessidade de garantir a integridade territorial e fronteiriça de Portugal.
Logo em
1914 partiu uma Expedição Militar para o sul de Angola-Naulila, Quangar e
Lubango- onde de modo a defender esse território das pretensões alemãs de
estender a fronteira da Namíbia para norte.
Contudo
foi em Moçambique ,e sobretudo na fronteira norte do rio Rovuma ,que se
intensificaram os combates e houve maior necessidade de contingente militar,
ainda antes da Alemanha declarar oficialmente a guerra a Portugal em março de 1916.O
primeiro incidente a na fronteira da Tanzânia, naquele tempo colonia Alemã,
ocorreu no dia 25 de agosto de 1914 ,quando o posto fronteiriço de Maziúa ,na fronteira do Rovuma, foi alvo de
ataque militar por parte do exército alemão, resultando na morte do chefe do
posto e no incendio de vária casas. Já desde 1892 com a ocupação alemã do
Quionga que o rio Rovuma se tornou um tumulo para centenas de soldados
portugueses.
De modo
a defender o território, é enviado pouco tempo depois a 11 de setembro desse
mesmo ano uma expedição militar com destino a Moçambique chefiada pelo tenente-coronel
Massano Amorim. Um batalhão, uma bateria e um esquadrão desembarcaram em Porto
Amélia a 1 de novembro com a intenção de reocupar o posto de Quionga, perdido
há décadas para os alemães e igualmente invadir o território da Africa Oriental
Alemã, atual Tanzânia.
Os
reforços chegaram a 7 de novembro, com uma segunda expedição, comandada pelo
Major de Artilharia Moura Mendes.
Os
primeiros confrontos a 27 de maio, conhecido como Combate de Namaca, não correm
dentro do previsto pelas tropas portuguesas, já nessa altura reforçadas por forças
da Guarda Nacional Republicana de Lourenço Marques. O exército alemão enfrentou
de forma violenta a tropa portuguesa.
Foi necessário
enviar uma terceira força expedicionária, comandada pelo General Ferreira Gil,
composta por 3 batalhões de Infantaria,3 baterias de metralhadoras,3 baterias
de artilharia e 1 companhia de engenharia mista e unidades de serviço.
Foi nessa
terceira força expedicionária que integraram vários soldados oriundos de Chã de
Alvares.
Soldados de Chã de Alvares que fizeram parte da Expedição a
Moçambique
Arthur
Duarte- Nascido no
Casal de Baixo a 5 de dezembro de 1893, filho de Manuel Duarte e Ana dos
Prazeres.
Neto
paterno de Manuel Duarte e Justina Maria e Materno de José Tomé e Maria Isabel,
todos residentes naquele lugar.
Assentou
praça no dia 21 de julho de 1913 no Regimento de Infantaria nº 23, sendo
incorporado no 2º Batalhão a 14 de maio de 1914 com o posto de soldado
nº205.Consta na sua ficha de matrícula que sabia ler e escrever e que tinha 156
cm de altura, olhos esverdeados, cabelos escuros e rosto regular.
Concluiu
a Instrução de recruta a 28 de agosto de 1914.Passou ao 9º Batalhão como
soldado nº402 sendo destacado para Moçambique, para onde embarcou no dia 3 de
junho de 1915, desembarcando em Palma a 5 de julho. Tomou parte na Ação da
passagem do Rio Rovuma, que teve lugar na Campanha contra a colónia Alemã da
Africa Oriental, no dia 19 de setembro.
Regressou
á metrópole a 23 de dezembro de 1917, desembarcando em Lisboa a 2 de fevereiro
de 1918.
Faleceu,
ainda solteiro a 11 de outubro de 1918, meses depois do seu regresso de
Moçambique, vítima da Gripe Pneumónica, tinha apenas 24 anos.
Manuel
Dias-Nascido na
Carrasqueira a 10 de Junho de 1892, filho de João Dias e Generosa Maria.
Na
sua ficha de Matrícula consta que sabia ler e escrever, tinha 158 cm de altura,
olhos azuis e rosto oval.
Assentou
praça a 21 de julho de 1913, estando presente no Regimento de Infantaria nº 23
no dia 14 de maio de 1914, onde concluiu a instrução militar a 28 de agosto
desse mesmo ano.
A
25 de Abril de 1916 passou ao 2º batalhão como soldado nº400 da 9ª Companhia.
Enviado para Moçambique, desembarcando em Palma a 5 de julho de 1916. Tomou
parte na Ação da passagem do Rio Rovuma, que teve lugar na Campanha contra a
colónia Alemã da Africa Oriental, no dia 19 de setembro.
Regressou
á metrópole a 28 de junho de 1917.Integrou as forças das Operações no Norte a 9
de fevereiro de 1919.
Regressou
á aldeia para se casar a 27 de setembro de 1919, com Generosa Maria, filha de
Vítor Simões e Justina Maria, do Covão onde fixou residência com a sua esposa.
Ficou
viúvo a 13 de dezembro de 1964 e faleceu na freguesia da Pena, Concelho de
Lisboa, no dia 1 de maio de 1985.
Recebeu
a Medalha Comemorativa da Expedição a Moçambique, com a legenda 1914-1915
Manuel
Hipólito- Nascido da 20
de outubro de 1893, no lugar do Casal de Baixo, era filho de João Hipólito e
Ana Barata. Neto paterno de João Hipólito e Ana Rita do Casal de Cima e materno
de João Romão e Joaquina Barata
Assentou
praça no dia21 de julho de 1913 no Regimento de Infantaria nº 23, sendo
incorporado no 2º Batalhão a 14 de maio de 1914 com o posto de soldado
nº206.Consta na sua ficha de matrícula que era analfabeto e que tinha 162 cm de
altura, olhos esverdeados, cabelos escuros e rosto regular.
Concluiu
a Instrução de recruta a 28 de agosto de 1914.Passou a 3º Batalhão sendo
destacado para Moçambique, para onde embarcou no dia 3 de junho de 1915,
desembarcando em Palma a 5 de julho. Tomou parte na Ação da passagem do Rio
Rovuma, que teve lugar na Campanha contra a colónia Alemã da Africa Oriental,
no dia 19 de setembro.
Regressou
á metrópole a 23 de dezembro de 1917, desembarcando em Lisboa a 2 de fevereiro
de 1918.
Participou
nas Operações do Norte de 9 de fevereiro de 1919.
Recebeu
a Medalha Comemorativa da Expedição a Moçambique, com a legenda 1914-1915
Anos
depois do regresso dos campos de Batalha, em Moçambique, desposou Eulalia
Barata a 22 de setembro de 1922.Foi dos soldados
locais da Grande Guerra um dos últimos a falecer. Morreu em Lisboa a 11 de
agosto de 1984
Joaquim
Miguel- Nasceu no Casal
de Baixo a 27 de junho de 1893, filho de Abílio Miguel e Maria das Dores. Neto
paterno de Manuel Miguel e Justina Maria e materno de José Maria Duarte e
Jacinta das Neves. Foram seus padrinhos, Joaquim Miguel, que lhe deu nome e sua
esposa Maria Justina. Tinha 157 cm, olhos castanhos, cabelos louros, rosto
regular, são as informações disponíveis na Ficha de Matrícula, em que consta
ainda que era analfabeto.
Assentou
praça a 21 de julho de 1913. Alistado no posto de Soldado nº305 na 10ª
Companhia do Regimento de Infantaria nº23, onde se apresentou a 14 de maio de
1914.Pronto da instrução de recruta em 28 de agosto de 1914, passou ao
Regimento de Infantaria nº 15 com o nº 377 de soldado, da 10ª Companhia. Foi
punido, a 8 de junho de 1915, com 20 dias de prisão disciplinar por ter
arremessado ao chão a ração de carne que lhe fora entregue.
Foi
destacado para Angola a 3 de dezembro, desembarcando em Moçâmedes no dia 26 de
dezembro. Regressou a Lisboa no dia 3 de fevereiro de 1916.
Passou
de novo ao RI 23, tendo se domiciliado na freguesia de Alvares. Chamado a
apresentar-se a 26 de abril de 1916 é destacado para Moçambique a 3 de junho,
desembarcando em Palma a 5 de julho.
Faleceu
a 10 de abril de 1918, tendo sido sepultado no cemitério de Palma.
Foi
punido com 20 dias de prisão disciplinar por ter arremessado ao chão a ração de
carna que lhe fora entregue.
António
Loureiro- Nascido no lugar
do Casal de Baixo a 4 de agosto de 1895, filho de Joaquim Loureiro Júnior e
Maria Josefa, já falecida á data da sua Incorporação no RI23 de Coimbra, onde
se apresentou a 12 de setembro de 1917, como soldado nº593 da 7ª Companhia.
Pela sua ficha de matrícula sabemos que tinha 158 cm de altura e era
analfabeto.
Partiu
para expedição em Moçambique na 5ªCompanhia como soldado nº305.Embarcou a 7 de
março de 1918, tendo pisado solo africano a 17 de abril. Ali cumpriu serviço
até ao seu regresso á metrópole a 17 de junho de 1919.
Casou
com Maria da Encarnação a 11 de novembro de 1919, no Posto de Registo Civil de
Alvares. Faleceu na freguesia de Alvares no dia 15 de janeiro de 1944
Joaquim
Bernardo-Nascido no Covão
a 21 de abril de 1893, filho de António Bernardo e Maria Emília, ali moradores.
Neto paterno de João Bernardo e Joaquina Rita e materno de Maria Claudina.
Sapateiro
de profissão, era alfabetizado e tinha 162 cm, olhos e cabelos negros e rosto
regular.
Assentou
praça a 21 de julho de 1913, sendo incorporado como soldado nº168 da 5ª
Companhia, ao 2º Batalhão do Regimento de Infantaria nº 23 onde se apresentou a
14 de janeiro de 1914.
Pronto
da instrução a 30 de abril de 1914.Destacado para Moçambique para onde embarcou
no dia 3 de junho de 1915, desembarcando em Palma a 5 de julho.
Regressou
a Lisboa no dia 23 de dezembro de 1917, desembarcando a 2 de fevereiro de 1918.
Participou nas Operações do Norte de 9 de fevereiro de 1919.
Baixa
ao serviço no dia 6 de abril de 1932, por ser julgado incapaz para todo o
serviço pela Junta Hospitalar de Inspeção reunida no Hospital Militar Regional
nº 2, em sessão de 21 de março.
Casou
com Generosa da Conceição no dia 18 de setembro de 1922.
Faleceu
no Covão a 16 de janeiro de 1940, vítima de tuberculose óssea.
Recebeu
a Medalha Comemorativa da Expedição a Moçambique, com a legenda 1914-1915
quinta-feira, 15 de setembro de 2022
Os Henriques de Matos do Casal de Diogo Vaz
No casarão do Casal de Diogo Vaz, nasceu uma vasta prole do casal Umbelina e António que simbolizou a união por laços matrimoniais das duas mais abastadas famílias locais, os Henriques de Matos e os Mota Tavares.
1.2.1.1-Umbelina José de Matos- Nasceu em finais de novembro de 1826 no lugar das Tulhas. Foi batizada a 6 de dezembro do mesmo ano. Foi seu Padrinho o Padre José António Henriques de Matos, tio paterno Casou com António Maria Mota Tavares, filho de Manuel da Mota Tavares e Ana Cândida, (f:25.9.1854), moradores no Casal de Diogo Vaz. O casal Umbelina e António faleceu no ano de 1859, ele a 23 de setembro e ela no dia seguinte, desconhecendo-se a razão do seu falecimento, não deixando de ser curioso pela proximidade de datas, bem como pelo facto de terem ambos pouco mais de 30 anos. Este casal teve a:1.2.1.1.1-Manuel do Nascimento Mota Tavares-Nasceu a 24 de Dezembro de 1844, foi batizado em Alvares a 7 de janeiro de 1845. Casou com Maria Encarnação a 21 de fevereiro de 1865, na Igreja Matriz de Alvares, filha de Manuel Cortez e Maria Luísa Henriques de Matos. O casal teve um nado-morto em 1866.O casamento pouco durou pois ainda na flor da idade Manuel morreu a 31 de julho de 1867 com 22 anos deixando viúva Maria Encarnação. Esta passou a habitar a abastada casa do Casal de Diogo Vaz, construída recentemente, junto à casa dos seus pais. Nela viveu com seu primo o Padre José Maria Henriques de Matos os últimos anos de sua vida. Segundo «Memorias e Raízes da família Henriques da Silva» -Eduardo Henriques da Silva Correia, em criança requerida judicialmente, a sua perfilhação por seus protetores e o direito á herança, conseguindo por esta via uma substancial compensação. Contudo á data de nascimento deste em 1915, seria pouco provável que com idade já acima de 65 anos tenham sido país.
1.2.1.1.2-Maria do Rosário- Nascida em casa de seus pais em Casal de Diogo Vaz a 26 de julho de 1851, e batizada na Igreja de Alvares a 20 de Agosto do mesmo ano. Foram seus padrinhos os tios Maternos. Manuel Henriques de Mattos Júnior e Maria Henriques de Mattos. Falecida a 27.7.1852
1.2.1.1.3-Maria Generosa Matos Tavares - Nascida a 21 de abril de 1853, foi batizada a 28 de abril do mesmo ano, na Igreja da Vila de Alvares. Foram seus padrinhos o avô paterno Manuel da Mota Tavares e sua irmã Maria dos Prazeres. Foi viver para junto dos seus tios Maria José e Manuel em Rio de Vide que se responsabilizaram pela sua educação. Fez os seus estudos no Convento de Semide, ali viveu até a idade adulta, quando contraiu matrimónio com José Duarte Areosa, negociante, no dia 10 de novembro de 1872 na Igreja Paroquial de Rio de Vide, Município de Miranda Do Corvo. Ele natural da Freguesia de Santa Cruz, da Cidade de Coimbra. Fixaram residência na Rua dos Sapateiros em Coimbra, e ali tiveram dois filhos.
1.2.1.1.3.1- António Matos Areosa- Nasceu a 13 de outubro de 1873, na Rua dos Sapateiros em Coimbra e batizado a 26 desse mesmo mês na Igreja Paroquial de São Bartolomeu. Casou com Matilde das Neves Melo Areosa (poetisa com ligações familiares aos Marqueses de Borba), do qual teve uma filha que morreu com poucos anos de vida. Talvez por influência do seu cunhado, que foi cônsul de Portugal no Pará e Rio Grande do Sul, emigrou para o Brasil, inicialmente para o Rio de Janeiro e posteriormente para a cidade de Manaus. Em 1908 depois de algum tempo no Rio de Janeiro parte para Manaus e funda a” Casa Bancária Mattos Areosa”, tendo desenvolvido grande volume de operações comerciais em Portugal, Espanha e Itália. A 10 de Outubro de 1917, morre a sua esposa na cidade de Coimbra. Casa em segundas núpcias com Carlota Maria Vera Cruz Arêas, na cidade do Funchal, a 26 de junho de 1920.Faleceu a 12 de dezembro de 1932.Recebeu título de Comendador. Tem honras de Rua na cidade de Manaus, Rua Comendador Matos Areosa.
Tiveram
1.2.1.1.3.1.1-António
Matos Areosa Júnior - Nascido a 17 de Agosto de 1928, na freguesia de São Mamede, Lisboa
![]() |
António Matos Areosa Júnior |
1.2.1.1.3.1.2- Danilo Duarte de Matos Areosa- Nascido 24 de
Julho de 1921 em Manaus, Brasil. Fez os cursos de humanidades, comercial e de
contabilidade em Lisboa. Partiu posteriormente para Manaus, iniciando as suas
atividades profissionais na firma da família, Matos Areosa e Cia. Lda. Em 1947
foi eleito Presidente do Comité Amazonense de Seguros, função que exerceu até
1966.Presidiu o Conselho Regional do Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial, foi Vice-Presidente da Legião Brasileira de Assistência e em 1966
foi eleito pela Aliança Renovadora Nacional, Governador do Estado do Amazonas,
cargo que exerceu até 1971. Faleceu em 1983.Na cidade de Manaus foi-lhe atribuído
honras na toponímia local dando nome á Avenida Governador Danilo Matos Areosa.
![]() |
Governador do Estado do Amazonas Danilo de Matos Areosa |
1.2.1.1.3.1.3-Fernando Duarte Matos Areosa- Nascido a 14 de
Maio de 1923 em Manaus, Brasil. Casou com Lucília Leão de Faria.
1.2.1.1.3.2- Guilhermina Matos Areosa, nasceu a 20 de fevereiro de 1875
na cidade de Coimbra, tendo sido batizada a 4 de abril na Igreja Paroquial de
São Bartolomeu dessa cidade.
1.2.1.5.4-Maria dos Prazeres-Nascida a 8.11-1846, foram seus padrinhos a avó materna Ana
Cândida, e o Padre José António Henriques de Mattos das Tulhas. Falecida em
3.11.1856.
1.2.1.1.5-João Maria Mota Tavares-
Nascido no Casal de Diogo Vaz a 9 de abril de 1849, é batizado a 16 do mesmo
mês na Igreja de Alvares. Faleceu a 09 de fevereiro de 1933.Casou com Maria de Jesus (21/09/1857 filha de Manuel Mota (da Aldeia Fundeira)
e Maria de Jesus (da aldeia de Carvalho), casaram no Machio no dia 29 de abril
de 1875, na Igreja Paroquial de São Miguel do Machio de Cima. Tinha ela 18 anos.
Ela era Irmã de Firmino Mota Arnaldo, (Bt:12/03/1865), Presidente Da Câmara
Municipal de Pampilhosa da Serra entre 1903 e 1908.
Foi este o casal que junto á antiga casa de família construiu um
imenso casarão que ainda hoje existe.
Tiveram filha:
1.2.1.1.5.1-Maria de Jesus Mota Tavares - Nasceu no Casal de Diogo Vaz a 24 de junho e
foi batizada a 11 de julho de 1876, na Igreja de Alvares pelo Padre José Maria
Henriques de Matos. Foram seus Padrinhos João Cortez Barreto, proprietário em
Roda Fundeira e Maria de Jesus sua avó materna. Faleceu em Coimbra a 15 de agosto
de 1953.Casou com António Maria Simões Cortez, do Casal Novo. Tiveram como
filhas:
1.2.1.1.5.1.1-Clotilde Mota Cortez
1.2.1.1.5.1.2-Elsa Mota Cortez.
1.2.1.1.5.2-Maria da Encarnação Mota Tavares - Nascida no Casal de Diogo Vaz a 18 de fevereiro
de 1879, foi batizada a 13 de abril de 1879.e que faleceu na freguesia da Sé
Nova em Coimbra, a 15.12-1972.Casou com José Augusto Rebelo Arnault a 4 de março
de 1909. Tiveram como filhos a:
1.2.1.1.5.2.1-Carlos Mota Rebelo Arnault –Nascido a 1 de janeiro de 1913 e falecido a
16/09/1984, casado com Maria dos Prazeres Mota Rebelo, sua prima. ligado à
Padilha & Rebelo, mais tarde CEB / EDP, vereador, 1913/1984, tem nome de
rua na Vila da Lousã junto à Farmácia Serrano
1.2.1.1.5.2.1.1-Carlos José Rebelo da Mota Arnault, Eng-Nascido a 04/03/1939, casado com Maria de
Lurdes Gaspar Correia. Falecido a 24/12/2009
1.2.1.1.5.2.1.2-Maria Teresa de Jesus da Mota Arnault-Nasceu a 09/09/1940 em Coimbra, Casou com
António de Nascimento Cortes Gonçalo. Faleceu a 01/03/2007
1.2.1.1.5.2.1.2.1-Gonçalo Nuno Mota Arnault Cortes Gonçalo -13/09/1975-Professor do Ensino Secundário.
1.2.1.1.5.2.1.2.2-Ricardo Manuel Mota Arnault Cortes Gonçalo-04/08/1978-Engenheiro Civil.
1.2.1.1.5.2.1.3-Emilia Maria Rebelo da Mota Arnault-Nasceu a 17/11/1944.Enfermeira na Lousã.
1.2.1.1.5.2.1.4-Ana Maria da Mota Rebelo Arnault-Nasceu a 29/11/1951.Casou
com Carlos José Frazão Monteiro a 21/07/1974.
1.2.1.1.5.2.1.4.1-João Pedro Mota Frazão Monteiro-Nasceu a 03/05/1975-
1.2.1.1.5.2.1.4.2-Ana Margarida Mota Arnault Frazão Monteiro-Nasceu a 09/06/1979
1.2.1.1.5.2.2-Maria Helena Rebelo da Mota Arnault-Nasceu na Lousã. Casada com seu primo Jaime da
Mota Tavares a 24/05/1941.
1.2.1.1.5.3-José da Mota Tavares- Nasceu a 24 de Dezembro de 1880, foi batizado
na Igreja Paroquial de Alvares apenas a 19 de julho de 1881 pelo Prior Manuel
Fernando das Neves. Foram seus Padrinhos José Duarte Areosa e sua esposa Dona
Generosa Adelaide da Mota Areosa.
Faleceu a 30 de maio de 1958 em Coimbra, na freguesia de Santa Cruz.
Casou com Maria Palmira Rebelo Cortez, filha de Adelino Lopes Cortez e Maria
dos Prazeres Rebelo
Tinham como residência a Quinta de São Paulo em Góis.
Tiveram filha:
1.2.1.1.5.3.1-M. Adelina Cortez da Mota-(n:1912-f:2001), casada com Jerónimo Matias
Carvalho
1.2.1.1.5.3.2-Maria dos Prazeres Cortez da Mota - (n:1910-f:2001) - Casada com seu primo Carlos
Rebelo da Mota Arnault
1.2.1.1.5.3.3--Jaime da Mota Tavares- nasceu em 1913 na vila da Lousã onde exerceu
medicina, e faleceu em 1996 na cidade de Coimbra. Casou com a sua prima Maria
Helena Rebelo da Mota Arnault, filha de José Augusto Rebelo Arnault e M.
Encarnação Mota Tavares.
Maria Helena foi batizada a 24.7. 1910.Tiveram:
1.2.1.1.5.3.3.1-M. Lurdes Rebelo Mota Arnault- casou com Francisco Serra Hqs Gouveia
1.2.1.1.5.3.3.1.1-Rosa Helena Mota Henriques Gouveia
1.2.1.1.5.3.3.1.2-Luis Miguel Mota Henriques Gouveia
1.2.1.1.5.3.3.2-. Dr. José Augusto Rebelo Mota Arnault -Nascido em março de 1945 na Vila da Lousã, foi
médico no Hospital da Marinha. Casado com Maria Olinda Cepeda Liberal da Mota Arnault.
residentes em Cascais e Regueira -Lousã.
1.2.1.1.5.3.3.2.1-Joana Helena Cepeda Liberal Mota Arnault
1.2.1.1.5.3.3.2.2-Maria Rita Cepeda Liberal Mota Arnault
1.2.1.1.5.4-António Maria Mota Tavares -Nasceu a 26 de outubro de 1891, foi batizado a
5 de janeiro de 1892 na Igreja Paroquial de Alvares. Foram seus Padrinhos José
da Mota Tavares e Maria de Jesus seus irmãos. Faleceu em Coimbra em casa de sua
sobrinha, D. Clotilde Mota Cortez, no ano de 1976. Viveu até ao final da vida
na sua casa do Casal Diogo Vaz.
Emigração para o Brasil 1880-1910
Emigração
Para
fugir á pobreza generalizada a população de Chã de Alvares teve necessidade de
partir para outros rumos de forma mais ou menos definitiva. Até meados do
século vinte, essa emigração sempre se caracterizou por ser sazonal, em direção
aos campos do Alentejo, Ribatejo e Raia Espanhola, mas também para Lisboa,
principalmente os homens, onde exerciam funções no Porto de Lisboa, ou então
como moço de Fretes. Até á década de trinta, poucos foram aqueles que ousaram a
sair do país. Os que o fizeram dirigiram-se para o Brasil, nesse tempo visto
como o El Dourado.
Os
principais portos usados pela emigração portuguesa eram os das cidades de
Lisboa, no rio Tejo e do Porto, no Rio Douro. Até à década de cinquenta do
século XIX a viagem era feita em barco a Vela, demorando cerca de 50 dias, para
chegar ao Rio de Janeiro. A partir de 1851, usando o vapor, esta viagem passou
a demorar apenas cerca de 24 dias.
Se
o vapor não fizesse qualquer escala, a viagem poderia fazer-se em 15 dias, de
Lisboa ao Rio de Janeiro.
A
viagem De Lisboa para o Rio de Janeiro, em 1827, demoraria cerca de 60 dias,
incluindo os percalços decorrentes dos ataques dos corsários.
Quase
todos, à chegada ao Rio de Janeiro ou a outros portos brasileiros, eram
acolhidos por um parente ou vizinho instalado no Brasil, que promovia a sua
integração nas atividades comerciais de destino, principalmente como caixeiros,
para quem levavam uma "carta de recomendação”.
As
embarcações a vapor tinham apenas três classes. A terceira classe era destinada
ao emigrante que fazia a primeira viagem. De 1920 em diante, muitos vapores ou
paquetes, como eram designados, passaram a dispor de quatro classes: as três
primeiras possuíam cabines e, a última era reservada aos emigrantes, onde
vinham amontoados, em porões abafados, mal iluminados, e geralmente
superlotados, onde eram evidentes as más condições de higiene.
Muitas
leis foram publicadas obrigando a que os vapores dispusessem de certas
condições para as viagens. Contudo, raramente aquelas obrigações eram cumpridas
pelos armadores e capitães de navio.
No
final do século XIX, os principais portos de desembarque no Brasil eram os
portos do Rio de Janeiro e o de Santos, no Estado de São Paulo. Os Emigrantes
que entravam pelo Rio de Janeiro eram alojados na Hospedaria da Ilha das
Flores. Os que aportavam a Santos ficavam na cidade ou iam diretamente para os
destinos, sendo na maior parte dos casos recebidos por parentes ou familiares que
os acolhiam à chegada.
A
emigração, na primeira metade do século XIX, estava limitada aos que podiam
suportar o financiamento da viagem.
Para
se entender a dimensão relativa desta importância, apresentamos como referência
a "jorna" ou jeira" salário diário de um trabalhador rural no
valor de $160 réis, sendo necessários cerca de 208 dias de trabalho para
financiar a viagem para o Brasil.
Assim,
se hoje o mesmo trabalho diário corresponder, no mesmo contexto, a cerca de 40
Euros, o custo da viagem rondaria os 8 320 euros.
Face
às despesas da viagem, estamos perante um impedimento da emigração
generalizada, o que explica a emigração clandestina e a seletividade da
emigração aos que tinham capital disponível ou a possibilidade de recorrer ao
crédito.
Ao
mesmo tempo, o capital social de que estes proprietários rurais dispunham em
Portugal, constituía-se como bastante para legitimar o cumprimento de
obrigações implicitamente estabelecidas e inscreviam-se em valores próprios de
origem: seriedade, honra e palavra e davam sentido à forma como eram acolhidos
e bem recebidos no Brasil. Estes valores eram inscritos em referências de
legitimação social e familiar, tais como, o compadrio e o apadrinhamento,
reforçados nos laços de parentesco, ainda que afastado, explicando-se, deste
modo, muitos dos casamentos entre "primos".
Assim
sendo, com a miséria generalizada da população e o isolamento da região,
explica-se o facto de até á década de 30 ser muito reduzido o número de
emigrantes. Poucos foram aqueles que saíram para o Brasil.
No
concelho de Góis e até a primeira década do século XX a emigração era quase
inexistente nas freguesias de Cadafaz, Colmeal e Alvares, talvez por serem as
mais isoladas. Enquanto Vila Nova do Ceira, e Góis contribuíam anualmente
com dezenas de jovens, na sua maioria homens e na sua maioria com destino a
Manaus.
Segundo
os registos foram: Caetano Ferreira Fontes, de Santa Margarida, António Maria
Cortez de Amioso Fundeiro, ainda antes de 1880, e posteriormente Francisco
Lopes Ladeira e sua mulher Maria Emília, do Casal de Cima, António Henriques
Filipe, nascido em Caniçal, mas com ligação familiar ao Casal de Baixo, saídos
antes até 1900, os primeiros a se aventurarem rumo ao Brasil,
Em
comum, todos eles tinham, não apenas a ambição, mas o facto de ter como base
razoáveis condições económicas, visto todos serem descendentes de famílias de
negociantes ou de lavradores mais abastados que o geral da população. Aqui fica
um breve resumo de cada um daqueles que rumaram a terras de Vera Cruz.
Caetano
Ferreira Fontes
Nascido
a 25 de novembro de 1854 no lugar de Santa Margarida, filho de Maria Barata
Lima e Manuel Ferreira Fontes. Foi dos primeiros locais a aventurar-se em
terras longínquas. Partiu com a cara e a coragem para o Brasil, á procura de
novos horizontes. O destino leva-o a instalar-se numa região em franca evolução
económica, numa altura que a cultura do café se torna o motor de uma explosão
económica no interior do Estado de São Paulo, ainda em tempos de escravatura,
que só seria abolida em 1888.
Partiu
para terras de Vera Cruz em maio de 1877, tinha então 22 anos. Pela Informação
do seu passaporte conseguimos saber que tinha 1,68 de altura e olhos azuis e
que o Porto de destino foi o Rio de Janeiro.
Os
primeiros registos de Caetano no Brasil são do seu casamento na cidade de
Campinas, Estado de São Paulo, com Maria Guedes Pinto na Igreja de Nossa
Senhora do Carmo a 25 de janeiro de 1879, tinha então 25 anos. A sua jovem
esposa era filha de uma das mais tradicionais famílias locais, com vasta
riqueza fruto da exploração de Fazendas.
Teve
para com a sua terra diversos gestos de benemerência que devem ser recordados.
O mais importante certamente o seu contributo para a obra da Escola e aquisição
de material didático, indispensável para a boa função do ensino. Ajudou ainda,
monetariamente no restauro da capela de Santa Margarida, quando em 1889,
António Rebelo da Mota Arnault e José Maria Lopes Froes decidiram recuperar a
capela então em ruína. Contribuiu ainda em 1892 com 1300 reis para a exploração
e canalização de água para uma fonte na Vila de Alvares, junto á Igreja Matriz,
e uma outra na freguesia.
Apadrinhou
a viagem para o Brasil de alguns jovens da sua família direta, nomeadamente os
irmãos João Ferreira Fontes e Maria Emília Barata Lima.
Em
1895 numa das suas viagens de visita a Chã de Alvares foi junto com sua esposa
Maria Guedes padrinho de batismo de Manuel Barata Lima, filho do importante
Industrial Alvarense do mesmo nome, que era seu tio-Avô e posteriormente em
1898 para o Batismo de sua sobrinha Palmira Barata Lima, filha de sua tia-avó Generosa Barata Lima e José Maria Barata, do Casal de Baixo.
Foi
Presidente da Comissão da Colónia Portuguesa “Pró-Pátria”, criada para
angariação de fundos para apoio a Portugal no tempo da Primeira Guerra Mundial.
Caetano
faleceu na cidade de São Paulo a 13 de abril de 1922 deixando abastada fortuna
com investimentos na área comercial e Agrícola com várias Fazendas no Interior
de São Paulo Os seus descendentes são atualmente empresários na região de São
Paulo.
Á
data de sua morte o jornal “A Comarca de Arganil” relatava: “Os pobres
desta freguesia perderam um desvelado protetor, pois amiudadas vezes para cá
mandava dinheiro para ser distribuído pelos desprotegidos da sorte. Da última
vez que cá veio a 12 junho de 1913 mandou ir toda a sua família ás Almas da
Simantorta onde lhes ofereceu um esplendido picnic, voltando dali em Automóvel
para Coimbra, onde residiu por algum tempo.”
Deixou
viúva a D. Maria Guedes, que viria a falecer 10 anos mais tarde a 6 de março de
1932.
O
seu património em solo português foi herdado pelo seu sobrinho, Antonino Barata
Neves.
Teve
vários filhos:
1.1-José Ferreira Fontes- Nascido a 11 de novembro de 1879 em Campinas, casado com a sua prima direita Hermantina Guedes Fontes. Foi vereador e Prefeito da Cidade de Sertãozinho em 1929, onde viveu como Fazendeiro. Tiveram a:
1.1.1.-João
Ferreira Fontes Sobrinho-
Casado com Leonira Riccardi
1.1.2-Zuleica
Fontes –
Casada com Aníbal Veloso de Almeida
1.1.3-Caetano
Ferreira Fontes Neto-
Casado com Ruth Ferraz
1.1.4-Maria
Ermelinda Guedes Fontes
- Nascida a 5 de janeiro de 1884 em Campinas, São Paulo. Faleceu ainda jovem
1.1.5-Aurora
Ferreira Fontes- Nascida a 11 de agosto de 1887, em Campinas, São Paulo, e
faleceu solteira a 28-08-1930.
1.1.6-Augusto
Ferreira Fontes-
Nasceu cerca de 1895, formou-se em Medicina na Faculdade de Medicina e
Cirurgião de São Paulo. Casou-se com Maria das Dores Gaia. Envolvido no
assassinato do Advogado Prudente de Moraes em 1930, na cidade de Sertãozinho.
Faleceu a 2 de março de 1937 assassinado com apenas 43 anos.
(Correio
Paulistano nº24836).
Teve
a:
1.1.6.1-Manoel
Ferreira Fontes-1914-1970- Casado com Elisa Ferreira Fontes.
1.1.6.2-Eurico
Ferreira Fontes-1917-1981
1.1.6.3-Zulmea
Gaia Ferreira Fontes
1.1.6.4-Francisco
Ferreira Fontes – Casado com Antonieta Focaccia Fontes.
1.1.6.5-Djalma
Ferreira Fontes
1.1.7-
Maria Cecília Ferreira Fontes
1.1.8- Palmira Ferreira Fontes -Casada com Carlos Marcondes Vieira Lessa, neto do 1º Barão de Taubaté, António Vieira de Oliveira Neves.
João Mota Tavares, Proprietário e Generosa Adelaide Mota Tavares,
educanda no Convento de Semide. Foi pela mão do seu irmão que chegou ao Brasil
em outubro de 1888, desembarcando no cais de Santos, no Estado de São Paulo.
Casou em Campinas com Maria Miquelina Guedes Pinto, sua cunhada,
esposa de Caetano Ferreira Fontes. Tomou cargo junto com o irmão a
administração da fortuna familiar da esposa, investindo no ramo comercial e na
cafeicultura em vários Municípios do Estado. Em Catanduva manteve a empresa
Camillo Perri &Comp dissolvida em 1922.
Faleceu
na sua Fazenda Conceição a 12 de outubro de 1932 tinha 73 anos. Manteve sempre
a sua ligação ao torrão natal tendo enviado em 1917, 50 escudos, para
distribuir entre os mais pobres.
António
Henriques Felipe
No ano de 1875, chega ao Brasil, um português que iria fazer
história em Cataguases, trata-se de António Henriques Philippe, que foi talvez o caso de maior
sucesso da Imigração da freguesia de Alvares para o Brasil.
Nascido
na casa dos seus pais António Henriques Philippe e Ana Barata no lugar do
Caniçal a 27 de setembro de 1853. Era neto de António Henriques Philippe e
Josefa Maria Alves, e bisneto de Philippe Henriques de Coelhosa e Isadora Maria
da Fonseca do Casal de Baixo. Tinha ainda ligações a Chã de Alvares, pois sua
tia materna, Maria do Carmo Barata, casou na povoação de Chã de Alvares com
João Barata Marques, e ligações de parentesco à família Arnault por parte do
casamento de sua tia Maria de Jesus Philippe com Firmino Henriques Barreto
(Descendente de António Rebelo da Mota, das Tulhas).
Consta
no Arquivo do Governo Civil de Coimbra o processo de Passaporte concedido a 25
de maio de 1875.Por esse registo podemos saber que o jovem António tinha 1,66 m
de altura, cabelo castanho e olhos azuis, e que sabia escrever. Terá partido
pouco depois para o Brasil tendo como destino a cidade do Rio de Janeiro com o
objetivo de fazer fortuna. Em 1875, o jovem chega
ao então povoado do Santa Rita do Meia Pataca, onde trabalha na Estrada de
Ferro Leopoldina Raigh-Way.
Com a transformação do povoado em Vila de Cataguazes e a inauguração da Estrada
de Ferro, o comércio tem um grande desenvolvimento, aproveitando o dinheiro fácil
obtido não só com a construção da linha férrea, mas igualmente com a cultura do
café, e como bom emigrante que era, foi investindo o seu dinheiro.
Assim constrói em 1878 a casa comercial Henriques e Felipe & Cia, que ainda hoje existe, conhecida como «Casa Felipe". Constrói ainda o Palacete Philippe, onde viveu durante o seu período de vida em solo brasileiro. No entanto a sua ligação á sua terra nunca cessou. Nunca tendo casado, acabou por regressar por diversas temporadas ao longo da sua vida até fixar residência no Hotel Avenida em Coimbra. Os seus últimos dias foram aos cuidados do seu afilhado Antonino Barata Neves, do Casal de Baixo.
Em
1920 foi uns dois maiores mecenas para a reconstrução da Igreja Matriz de
Alvares.
Faleceu a 6.7.1928 no Hotel Avenida em Coimbra, tendo sido
sepultado no cemitério da Conchada, conforme noticiou a Comarca de Arganil nº
1464.
No mesmo jornal agradecem na qualidade de sobrinhos do falecido:
Encarnação Marques Duarte e Francisco Victor Duarte
António Henriques Filipe e esposa
Aquiles Henriques Filipe e Ana do Sacramento Marques Rosa e José
Barata Rosa e seus filhos e Maria de Jesus Marques e Antonino Barata Neves e
seus filhos.
Após a sua morte a sua fortuna foi entregue ao seu afilhado António Henriques Felipe Fonseca, que anos antes mandou chamar para junto de si no Brasil e cuja vida ficou igualmente ligada á cidade de Cataguazes, sendo ele um dos Fundadores do Clube de Remo local. Atualmente a fortuna familiar encontra-se na mão de Albano Henriques Felipe, que além de gerir a Casa Comercial fundada pelo seu Tio-avô, é paralelamente político destacado em Minas Gerais, onde foi candidato a Vice-Governador pelo PSD-MG.
Quem hoje visitar esta cidade brasileira poderá encontrar a Rua António Henriques Felipe, que ficará assim pra sempre perpetuado na história da cidade de Cataguazes.
Em
finais da década de vinte partiu igualmente para terras de Vera Cruz o seu
sobrinho Aquiles Henriques Filipe que foi o último a manter o laço ao torrão
Natal. Faleceu em maio de 1977, com 76 anos e foi apenas pouco tempo antes da
sua morte que todas as propriedades e a famosa Casa dos Filipes do Caniçal
foram vendidas.
José
Barata das Neves- Nasceu
no Casal de Baixo a 3 de outubro de 1897, filho de José Maria Barata e Generosa
Barata Lima. Partiu em 1911 com apenas 13 anos para o Brasil, junto com o seu
irmão João. Faleceu no Brasil em 1935.
João
Barata Neves-
Nasceu no Casal de Baixo, filho de José Maria Barata e Generosa Barata Lima.
Partiu em 1911 para o Brasil, rumo ao porto de Santos, tinha então apenas 11
anos.
Faleceu
em 1918 vítima de Pneumónica.
João
Abílio Lopes-
Filho de Maria Rufina e Abílio Lopes, do Casal de Cima, sapateiro. Rumou ao
Brasil por volta de 1910.Sua Irmã Maria Abília Lopes, foi casada com Manuel
Paula, faleceu com poucos mais de 20 anos vítima da varíola, dias depois da
morte de seu pai vitimado pela mesma doença que fustigava a região nesse ano de
1919.
João
Morais- Nascido
no Casal de Santa Margarida, no ano de 1896, filho de José Morais e Ana Barata
Lima. Partiu para o Brasil em 1917, onde chegou em março desembarcando no Porto
de Santos. fixando residência nos arredores da cidade de São Paulo, primeiro
como Chacareiro e posteriormente como comerciante. Faleceu na década de 70
Maria
da Encarnação-
Nascida no Casal de Santa Margarida a 14 de setembro de 1892, filha de José
Morais e Ana Barata Lima. Partiu para o Brasil por volta de janeiro de
1908.Regressou a Portugal, casou com José Alves Roda em 1910.
João
Victor Júnior-
Nasceu no Casal de Cima no ano de 1894, partiu junto com João Morais para o
Brasil, em fevereiro de 1916, um mês antes da entrada de Portugal na Grande
Guerra, que já lavrava nos campos da Europa. Curiosamente, ambos, conseguiram
dispensa Militar, num momento bastante conturbado. Depois de alguns anos no
Brasil, e terminada a Primeira Grande Guerra, João Vítor regressou a Portugal.
Em 1926 casa com Maria dos Prazeres Clemente, de janeiro de Cima. Faleceu em
janeiro de 1937, vítima de acidente de trabalho no Porto de Lisboa. Deixou duas
filhas, Alzira e Guilhermina.
Francisco
Lopes Ladeira - Nascido
no Casal de Cima a 9 de março de 1850, filho de uma família de negociantes,
foram seus pais Manuel Lopes Ladeira e Luísa Alves. Casou a 20 de novembro de
1876 com Maria Emília Barata Lima de Santa Margarida, sobrinha de Caetano
Ferreira Fontes. Partiu para o Brasil em agosto de 1883, sozinho, deixando no
Casal de Cima onde vivia, sua esposa Emília e seus três filhos.
Com ajuda do tio de sua esposa abriu uma loja de Secos e Molhados
numa das principais artérias da cidade de Leme, Estado de São Paulo. O negócio,
acompanhando o rápido crescimento económico da região derivado da Cultura do
Café, rapidamente lhe trouxe lucro suficiente para se tornar um respeitado
comerciante local expandindo os negócios junto com o seu sobrinho, António
Lopes Ladeira. Em 1899 regressa a Portugal para levar para junto de si os filhos
e a esposa.
Com o lucro do seu progresso comercial, manda construir no Casal
de Cima uma abastada casa que pouco chegou a desfrutar, pois acabou por falecer
aos sessenta anos, assassinado a 28 de fevereiro de 1906
Manuel Lopes Ladeira- Nasceu no Casal de Cima a 07 de dezembro de
1877.Foi o primeiro dos filhos de Francisco a partir para junto do seu pai no
Brasil em 1888, levado pelo seu tio materno João Ferreira Fontes.
Manteve sempre ligação a Portugal. Foi Fazendeiro e Comerciante na
Cidade de Leme, São Paulo, onde foi Presidente da Prefeitura Local entre 1913 e
1916.Faleceu com 93 anos a 2 de maio de 1971 na cidade de São Paulo. Casou com
Elisa Leme Ladeira, brasileira, e teve 12 filhos.
António Lopes Ladeira -Nasceu a 22 de janeiro de 1880 nasceu no Casal
de Cima, onde viveu até 1899, ano em que partiu com a sua mãe para junto do seu
pai Francisco em terras brasileiras. Casou com Barbara da Luz. Faleceu no
Brasil a 31 de janeiro de 1932, na cidade de Araras, onde viveu os últimos anos
da sua vida. Não deixou descendência.
João Lopes Ladeira Nasceu a 02 de abril de 1882.Partiu para o
Brasil em 1889, junto com o seu irmão António e sua mãe. Exerceu advocacia na
cidade de Araras depois de se naturalizar brasileiro em 1908.Anos mais tarde fixou
residência em Catanduva, São Paulo, onde faleceu a 2 de junho de 1968.Casou em
1905 com Núncia da Silva Xavier de quem teve 6 filhos.
António Lopes Ladeira- Nasceu no Casal de Cima a 22 de outubro de 1868,
filho de João Lopes Ladeira e Ana Barata Lima. Com pouco mais de dez anos parte
para o Brasil para junto do seu tio Francisco, e com ele se estabeleceu
inicialmente na cidade de Leme, abrindo Sociedade Ladeira & Sobrinho.
Dissolvida a sociedade, da casa comercial em São Carlos-SP,
instalou-se em 1911 na Cidade de São Paulo na Rua dos Protestantes, onde fundou
uma Charutaria, construindo a sua casa na Rua Saguairu,31 em 1927.Voltou a
Portugal, a passeio, com a sua família em 1908.Casou com Ana Leme a 13 de
agosto de 1895, de quem teve 4 filhos. Faleceu a 17 de fevereiro de 1939 na
cidade de São Paulo.
Maria
Emília (Barata Lima)
- Nascida em Santa Margarida, a 8 de fevereiro de 1857, filha de Manuel
Ferreira Fontes e Maria Barata Lima. Foram seus Padrinhos o avô-materno, Manuel
Barata e Ana Cândida, viúva de João Lopes Frois, todos de Santa Margarida.
Partiu para o Brasil em finais de 1889. Ficou viúva de Francisco Lopes Ladeira
com 49 anos tendo regressado a Portugal para usufruir largas temporadas no
Casarão mandado construir pelo casal no centro de Casal de Cima. Anos mais
tarde acaba por vender o património em solo português e nunca mais regressou.
Faleceu com 86 anos a 2 de agosto de 1943 na cidade de Leme.
![]() |
Lápide de Maria Emília, cemitério da Cidade de Leme, SP-Brasil |
João Ferreira Fontes-Nascido em Santa Margarida a 13 de setembro de 1867, sendo seus padrinhos, João Mota Tavares, Proprietário e Generosa Adelaide Mota Tavares, educanda no Convento de Semide. Foi pela mão do seu irmão que chegou ao Brasil em outubro de 1888, desembarcando no cais de Santos, no Estado de São Paulo. Casou em Campinas com Maria Miquelina Guedes Pinto, irmã de Maria Guedes Pinto, esposa de Caetano Ferreira Fontes. Tomou cargo junto com o irmão a administração da fortuna familiar da esposa, investindo no ramo comercial e na cafeicultura em vários Municípios do Estado. Em Catanduva manteve a empresa Camillo Perri &Comp dissolvida em 1922.Exerceu cargo político na Prefeitura de Sertãozinho, cidade onde o seu nome consta da nomenclatura local, Avenida João Ferreira Fontes.
Faleceu
na sua Fazenda Conceição a 12 de outubro de 1932 tinha 73 anos. Manteve sempre
a sua ligação ao torrão natal tendo enviado em 1917, 50 escudos, para
distribuir entre os mais pobres.
Serafim
Alves Barata-
Nascido no lugar da Carrasqueira a 20 de fevereiro de 1866.Rumou ao Brasil em 1899.Desembarcou
no porto do Rio de Janeiro e embrenhou-se por terras de Vera Cruz, tendo-se
fixado como Fazendeiro em Minas Gerais, onde casou com Ana Alves Gomes Borges.
Os seus descendentes vivem no Estado do Rio de Janeiro.
Maria
Emília (Alves Barata) - Nascida na Carrasqueira a 17 de fevereiro de 1863, partiu para o
Brasil, chamada por seu irmão Serafim, em 1904.Levou consigo o seu sobrinho de
12 anos, filho do seu irmão Joaquim Alves Barata e Justina Maria residentes no
lugar do Caniçal. Desembarcou igualmente no porto do Rio de Janeiro.